Publicado por Redação em Gestão do RH - 06/10/2021

Bye bye home, hello office: como encarar o retorno ao escritório sem traumas



Aos poucos, a vida corporativa tenta voltar ao novo normal. Algumas grandes empresas, como o Bradesco, anunciaram a volta gradativa dos funcionários aos escritórios a partir de hoje (4). Segundo uma pesquisa feita pela consultoria KPMG, 19 meses depois do início do isolamento, 52% das empresas confirmam o interesse em chamar de volta seus colaboradores neste ano.

Só que dizer adeus ao home office, com todas as suas dores e delícias, não vai ser tão simples. Um dado da empresa de headhunting Korn Ferry indica que, para 70% dos executivos ouvidos, o retorno ao ambiente de trabalho será “difícil”. A advogada Andrea Giugliani, que atua na região do ABC, São Paulo, retomou os atendimentos presenciais duas vezes na semana recentemente. O que antes da pandemia era feito de maneira automática – vestir-se e dirigir até seu escritório, hoje exige um certo esforço. “Me acostumei a ficar em casa e a me dividir entre as tarefas domésticas e profissionais. Para sair, tenho que pensar duas vezes”, diz. Um dos motivos dessa reflexão extra é Lui, seu filho de três anos, que gostou da ideia de ter a mãe por perto o dia inteiro. Apesar de sua rotina no escritório ter menos interrupções de ordem familiar, a saudade pesou. “Agora, quando saio para trabalhar, meu filho fica chorando e me perguntando aonde vou. Ele ficou bem mexido.”

As mudanças durante a pandemia não foram só na esfera familiar: além de seu escritório especializado em direito tributário, ela abriu mais dois negócios, um voltado para contabilidade descomplicada e outro de BPO financeiro. Tal investimento só foi possível pela economia de tempo e dinheiro, resultado de manter seus funcionários trabalhando remotamente. “Foi o que meu deu segurança para empreender sem precisar pensar em aluguel e outras despesas”, diz Andrea.

Tão longe, tão perto

Enfrentar os engarrafamentos diários era motivo de desânimo para Tiago França, programador da Pontomais, startup de Recursos Humanos. Antes da pandemia, o profissional levava duas horas para chegar à empresa. Em junho de 2020, porém, deixou Curitiba (PR) e mudou-se para Natal (RN), onde mora a família da esposa. A vida pessoal só melhorou. “Minha mulher me auxilia, inclusive profissionalmente, e eu produzo melhor”, diz. Agora, com o retorno parcial do seu time à sede da empresa, ele planeja se dividir entre os dois estados e fazer visitas periódicas ao escritório. “Se pedirem para voltar, tudo bem, mas eu só percebi vantagens trabalhando de casa”, diz. Um levantamento feito em julho pela consultoria de recursos humanos Robert Half aponta que 64% dos entrevistados gostaria de passar mais dias da semana em casa do que na empresa.

Para facilitar essa transição entre a sala de casa e a de reuniões, a Forbes convidou Ana Carolina Peuker, CEO e fundadora people & culture da Bee Touch, healtech de saúde mental, e Alana Azevedo, chefe de pessoas e cultura da Flash Benefícios, para dar dicas práticas aos profissionais que se preparam para deixar, mesmo que parcialmente, o home office. Veja:

Prepare sua mente

Um dos melhores momentos para se adaptar é nas últimas semanas de home office. “Afinar a rotina como se já estivesse no escritório é uma forma de diminuir o impacto no retorno”, explica a CEO da Bee Touch. Por isso, comece a seguir os horários parecidos com aqueles do modelo presencial. Além disso, esteja ciente que, possivelmente, você não vai dar conta de todas as atividades do dia de primeira, assim como aconteceu no início do regime remoto. Haverá um novo período de readaptação em que a produtividade pode ser menor. E tudo bem.

Sem rupturas bruscas

Afrouxar os laços que ficaram mais intensos com a família e até com os pets requer empatia e um certo tempo. Nesse aspecto, o aconselhável é reduzir o convívio de maneira gradativa. Você pode pedir por um retorno híbrido por algum tempo, mudar o horário ou estimular que as crianças façam atividades fora de casa, como aulas e gincanas, para que sintam menos a ausência dos adultos. “É importante olhar o lado positivo também. No caso dos filhos, isso significa mais tempo com os colegas, principalmente com o retorno das aulas na escola”, diz Alana Azevedo.

Planeje seu dia

No início da pandemia, a necessidade de trabalhar de casa pegou todos de surpresa e levamos um tempo até nos adaptar ao cenário. Aos poucos, estabelecemos limites de horários, limites físicos (quem ocupa que parte da casa) e uma rotina que não possibilitasse minimamente separar vida trabalho dos momentos de descanso. Depois de quase dois anos, muitos conseguiram e estão tão satisfeitos com o arranjo que querem mantê-lo. Mas, para quem vai voltar, é importante conscientizar-se que o caminho de volta também vai tomar um tempo.

Acostume-se a socializar

Depois de tantos meses solitários, muitas pessoas estão mais sensíveis a palavras, tons de voz, contrariedades e estímulos. Socializar deixou de ser natural. A dica é forçar um pouco a socialização para que ela volte ao patamar de antes, ou algo perto disso. Abra oportunidades para cafés e conversas informais. Isso também vale para aquelas equipes que ainda não tiveram a oportunidade de se conhecer pessoalmente. “Rever os colegas e dividir as angústias do dia a dia será agregador. Isso também pode fazer com que você deixe um pouco de lado as suas próprias dificuldades”, sugere Ana Carolina.

Faça pausas para relaxar (e se adaptar)

Aproveite os pequenos intervalos do trabalho para andar pelo escritório ou pela rua. Além de diminuir a sensação de ansiedade que talvez apareça nesse momento, essas caminhadas podem facilitar a adaptação ao ambiente interno e externo, incluindo a presença de pessoas e de ruídos com os quais nos desacostumamos. “Muitos profissionais ficaram meses tendo pouquíssima vida ao ar livre. Essa é a hora de aproveitar os benefícios que esses momentos podem prover”, afirma Alana. Não espere que tudo esteja como antes: talvez seu amigo do departamento tenha resolvido continuar em home office e seu restaurante predileto tenha fechado, mas é uma oportunidade de ampliar fronteiras.

Busque ajuda profissional

Assim como muitos colaboradores buscaram auxílio junto a profissionais de saúde mental quando a pandemia começou, é importante continuar o tratamento para lidar com essa transição da melhor forma. Alana Azevedo explica que isso faz parte de um período de ressocialização. “Após tanto tempo isolado, é normal que sintomas comecem a aparecer, como a ansiedade e a depressão. Até que esse lado se recupere leva tempo”, diz. Buscar um psicólogo e/ou psiquiatra é de grande ajuda nesse momento. “A oferta desse tipo de serviço aumentou no último ano e é possível encontrar serviços satisfatórios com menos custo e barreiras”, diz Carolina.

Não se esqueça de conversar com o RH

Por fim, se surgirem questões físicas ou mentais ligadas ao retorno presencial, não hesite: entre em contato com o departamento de recursos humanos da sua empresa. Esse diálogo será importante para que a companhia esteja mais preparada para receber e adaptar as equipes. “Manter esse canal aberto com a empresa deixará o ambiente mais saudável”, aponta Alana.

Lembre-se das lições do home office

Esse período nos ensinou que há prazeres para além do trabalho e que são bastante simples: um filme com a família na sala de casa, caminhar com o cachorro toda manhã, cuidar das plantas. É muito importante manter essas rotinas e adaptá-las ao novo ritmo para que a volta não seja um momento de frustração.



Fonte: Forbes


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