Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 18/07/2019

Por dentro do plano da Central Nacional Unimed para ser mais saudável

A representação física das mudanças operacionais que a companhia desenvolveu nos últimos anos é seu novo escritório, em São Paulo

A Central Nacional Unimed está no fim de processo de transição que tomou a atenção dos executivos e colaboradores nos últimos anos. A empresa de saúde viu receitas diminuírem e acumulou prejuízos por três anos. Também precisou incorporar algumas subsidiárias, como parte da carteira da Fesp, em São Paulo, que passavam por dificuldades. Para retomar o crescimento, a companhia focou em diminuir custos, criar programas de assistência básica e de melhoria da eficiência em parceiros, como hospitais ou empresas. Alcançou lucro em 2017 depois de três anos de prejuízo e, em 2018, teve seu melhor ano da história.

A representação física das mudanças operacionais que a companhia desenvolveu nos últimos anos é seu novo escritório, em São Paulo. Com muito verde, espaços abertos e arte de rua nas paredes, o espaço visa melhorar a comunicação entre os funcionários.

No entanto, os problemas não acabaram. No ano passado, duas operadoras de saúde fizeram estreias bilionárias na bolsa de valores: Hapvida e NotreDame Intermédica. Agora, elas têm caixa para crescer, inclusive por meio de aquisições, como a Hapvida que comprou a concorrente São Francisco e o Grupo América. Já a Amil, líder do mercado brasileiro que faz parte da United Health, maior operadora de saúde dos Estados Unidos, afirmou no ano passado que irá investir mais de 10 bilhões de reais no país.

Com resultados positivos e uma sede nova, a CNU precisa de muita energia para manter a trajetória de crescimento.

Consolidação

A Unimed é a maior rede de assistência médica do país. Criada em 1967, está presente em 84% do território nacional. Detém cerca de 31% do mercado brasileiro de planos de saúde. Enquanto a Unimed Brasil é a entidade institucional do sistema, a operação em cada estado ou região é feita por 347 cooperativas médicas, para comercializar diretamente com empresas locais.

A Central Nacional Unimed é uma delas. É a maior operadora dos planos de saúde Unimed e é responsável pelos planos nacionais e de empresas que possuem escritórios em vários estados.  Dos 18 milhões de beneficiários do sistema, 1,6 milhão estão sob responsabilidade da CNU.

A companhia precisou aumentar suas responsabilidades nos últimos anos e socorrer sócias em dificuldades. Consolidou as operações em São Paulo, incorporando parte da carteira da Unimed Fesp em fevereiro deste ano, e na Bahia. Juntas, acrescentaram 200 mil clientes à empresa. Uma das operadoras da região, a Unimed Paulistana, pediu falência em 2016.

Agora, a CNU passou a ser a única operadora Unimed em São Paulo. “A ocupação em São Paulo era desordenada. Agora, com a CNU, os clientes se sentem mais seguros e podemos otimizar nossos recursos por aqui”, afirma Alexandre Ruschi, presidente da Central Nacional Unimed.

Eficiência financeira

Além de mudar o escopo de sua atuação, a empresa repensou suas fontes de receita, já que um dos motivos para a crise do sistema Unimed foi o seu modelo de rentabilização.

A empresa sempre operou com grandes reservas financeiras e, até 2016, grande parte das receitas da companhia vinha dos ganhos nos investimentos dessas reservas. No entanto, o resultado financeiro da empresa foi de 124 milhões de reais em 2016 para 67 milhões de reais em 2018. Isso porque a taxa básica de juros Selic, que era de 14,25% ao ano em 2016, caiu para 6,5% em 2018.

Nesse cenário, as receitas financeiras caíram, mesmo com o relevante crescimento das aplicações financeiras, de 707,7 milhões de reais em dezembro de 2016 para 913,9 milhões de reais em dezembro de 2018. “Não tinha outra saída: sem as receitas financeiras, precisávamos melhorar nossos indicadores operacionais para aumentar os lucros”, afirma Ruschi.

Cortes de custo

Para diminuir custos, a companhia está investindo em um novo modelo de atenção à saúde. Ao invés de buscar internações, visitas a hospitais ou procedimentos no caso de uma doença, a empresa quer incentivar a prevenção e o cuidado primário. “Muitas pessoas vão até um hospital quando sentem um mal estar, mas o hospital precisa ser a última opção. Cerca de 80% dos problemas poderiam ser resolvidos com um médico de família, por exemplo”, afirma o presidente.

As cooperativas do Sistema Unimed estão adotando o modelo assistencial de Atenção Integral à Saúde. A manutenção e promoção da saúde tem acompanhamento contínuo por um médico da família e uma equipe multiprofissional. Atualmente, 66 cooperativas do Sistema Unimed possuem produtos e programas com foco neste modelo.

A Central Nacional Unimed tem seis clínicas localizadas em Salvador, no ABC e em São Paulo que atendem beneficiários e colaboradores exclusivamente neste modelo assistencial. Em 2019, a empresa começou a implantação de clínicas dentro de empresas para parceiros.

Em outra ponta de corte de custos, trabalhou com hospitais para aumentar a eficiência, a partir do Programa Qualifica, da Unimed Brasil, criado em 2015.

A CNU elencou os motivos que mais levam à extensão do tempo de internação, como infecção hospitalar ou queda no leito. A partir disso, estabeleceu metas para os hospitais parceiros e ofereceu bonificações caso as metas fossem superadas. Também incentivou as empresas que atende a terem comitês internos de saúde.

Outro desafio para a companhia é o envelhecimento da população, seguindo a tendência da Europa e Japão. “Vamos chegar a 120 anos de idade, mas isso vai custar”, diz o presidente. A Unimed dobrou o número de vagas para formação de cuidadores específicos para idosos, de 800 para 1.600. São 15 cidades em que é possível fazer essa formação e os cursos são feitos em parceria com o Senac. Até hoje, o programa já formou 920 alunos.

Futuro

A reestruturação começou a trazer os primeiros resultados em 2017. Depois de três anos no  vermelho, a empresa passou de 23,3 milhões de reais negativos, em 2016, para 64 milhões de reais de lucro em 2017. Já 2018 foi o melhor ano da história da companhia. No ano passado, a CNU faturou 5,6 bilhões de reais e teve lucro líquido de 175,9 milhões de reais.

A última etapa da transformação da companhia foi a mudança para a nova sede. A mudança não foi tanto física – o novo escritório fica do outro lado da rua do anterior – mas a arquitetura e dinâmica dos ambientes é bastante diferente.

Os espaços são abertos, sem paredes ou divisórias. Até mesmo as conversas com fornecedores são feitas em salas sem portas, para mostrar a transparência do lugar. O escritório dispõe de uma cobertura para eventos, que tem até uma churrasqueira.

O crescimento da empresa em 2019 deve ser modesto, por conta de um crescimento econômico mais fraco. “As empresas estão segurando contratações para ver se a economia deve melhorar”, diz Ruschi. No entanto, mais eficiente e de olho no futuro, a Central Nacional Unimed está otimista.


Fonte: Exame


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