Publicado por Redação em Dental - 17/10/2014

Qual a melhor técnica para escovar os dentes?

Um estudo intitulado “Análise dos métodos de escovação dentária recomendados por associações odontológicas”, publicado pelo British Dental Journal, no dia 08 de agosto deste ano, de autoria de Jonh Wainwright e Aubrey Sheiham, da University College London, da Inglaterra, afirma que os Cirurgiões-Dentista ainda não entraram em acordo sobre as recomendações dadas aos pacientes.

Os cientistas compararam as indicações de higiene bucal feitas por associações odontológicas, livros e fabricantes de pastas e escovas de dente de dez países: Austrália, Brasil, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Japão, Noruega, Suécia, Inglaterra e Estados Unidos. Eles constataram que não há consenso entre as várias fontes do estudo. A pesquisa mostrou que os métodos mais recomendados respectivamente foram: a técnica de Bass modificada (19), a técnica de Bass (11), a técnica de Fones (10) a técnica de Scrub (05). Os resultados mostraram que há uma diversidade de recomendações sobre a indicação dos métodos de escovação e que não há um consenso sobre a melhor técnica nas várias fontes do estudo, e concluíram que as diferentes mensagens emitidas por profissionais e fabricantes indicam que são necessários mais estudos sobre a eficácia de cada método.

A diretora do Departamento de Prevenção da APCD, Helenice Biancalana, diz que é importante ressaltar que os métodos de escovação disponíveis on-line nos sites são generalizados e baseados em comprovação científica, porém a indicação, tanto em saúde coletiva quanto individual, deve ser fundamentada na faixa etária, habilidade motora, interesse, motivação etc. do grupo populacional e do paciente. “As técnicas de escovação são inúmeras, todas passíveis de críticas e elogios, e estamos de acordo com os vários estudiosos quando afirmam que sem dúvida a técnica é importante, mas a eficiência da escovação na remoção da placa bacteriana e massagem gengival é o mais relevante. Portanto, as informações e orientações transmitidas on-line pelas associações odontológicas, empresa de alta confiabilidade, livros e artigos podem ser diversificadas como mostra o estudo, o que demonstra a necessidade de orientações profissionais na questão educacional e promotora da saúde.”

O estudo inglês foi publicado no site da Revista Veja, em 08 de agosto de 2014, com o título “Qual é o melhor método de escovar os dentes? Nem os dentistas sabem, diz estudo”. O periodontista, implantodontista e mestre em Ciências Odontológicas (área de concentração em Clínica Integrada) pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, e tenente-dentista da Força Aérea Brasileira, do Hospital de Aeronáutica de São Paulo (HASP), Irineu Pedron, afirma que a proposta do estudo foi importante e interessante, a chamada no site da referida Revista foi pejorativa à imagem do Cirurgião-Dentista, pois ele é o profissional capacitado e responsável pela cavidade bucal da população. “Cada caso é um caso e deve ser particularizado. Há pacientes com diferentes necessidades de higiene bucal: dentes naturais, próteses, próteses sobre implantes, aparelhos ortodônticos etc. Não há uma grande receita para a população em geral, por que cada um apresenta sua necessidade em particular. O estudo publicado se refere à higienização bucal de um modo coletivo, demonstrando as divergências entre os países. Infelizmente não devemos pensar desta forma. Nesta perspectiva, sugiro sempre a consulta ao profissional responsável que preconizará efetivamente a melhor técnica ao paciente, de acordo com suas necessidades individuais.”

Helenice Biancalana ressalta que é possível citar algumas técnicas com as suas indicações iniciando pelos bebês ainda, onde os pais são responsáveis pela higienização da cavidade bucal do seu filho. “Baseado em evidências científicas, creme dental fluoretado com no mínimo de 1.100 ppm de flúor deve ser utilizado a partir da erupção do primeiro dente decíduo do bebê, quantidade equivalente a um grão de arroz, sob a supervisão dos pais e responsáveis orientados. Assim, podemos indicar a técnica de Fones, por ser mais simples, e não menos eficaz se realizada com atenção e método.

Para crianças em idade até 7 anos, a indicação mais precisa é a técnica vestíbulo-lingual, a fim de tornar mais efetiva a prevenção da cárie em crianças que estão atravessando essa fase de irrompimento dos primeiros molares permanentes e que durante algum período ficam em infra-oclusão, dificultando o acesso da escova. “Essa fase é de especial importância porque é maior o acúmulo de resíduos aderidos ao dente provenientes da alimentação (placa bacteriana). Isso favorece o ataque de cárie na superfície mastigatória dos primeiros molares permanentes. A maioria das lesões de cárie na população em idade escolar (de 6 a 12 anos) concentra-se nessas superfícies cujas cicatrículas e fissuras são menos beneficiadas pelo tratamento com fluoretos do que as superfícies lisas. Daí também a importância do dentifrício fluoretado. Deixando o resíduo do fluoreto na cavidade bucal.”

A técnica de Stillman modificada é recomendada para crianças mais habilidosas e interessadas, sendo considerada mais eficiente que a de Fones e também indicada para jovens, adultos e idosos. “As técnicas de Bass e Bass modificada exige maior habilidade manual e interesse. Atinge especialmente o sulco gengival eliminando os resíduos da placa sub gengival, além de massagear os tecidos. Indicada para pacientes com aparelhos ortodônticos, adolescentes, adultos e idosos. Tanto a técnica de Stillman quanto a de Bass podem ter o aprendizado um pouco mais lento por suas dificuldades, porém após a sedimentação e conscientização da técnica, elas se tornam mais eficientes e retidas por mais tempo pelo paciente. Técnicas como Scrub, Charters, entre outras, também são utilizadas e orientadas pelos profissionais”, detalha Helenice.

Irineu Pedron afirma que, na perspectiva da periodontia, a técnica mais efetiva é aquela preconizada pelo estudo publicado pelo Dr. Sheiham, com a aplicação das cerdas macias no interior da gengiva, empregando curtos movimentos de vai e vem e segurando a escova como uma caneta, ou pincel, como proposto pelo autor no estudo. “Tais movimentos são, particularmente semelhantes aos movimentos executados pelas escovas elétricas vibratórias ou oscilatórias. Independentemente da técnica, vale ressaltar que é de suma importância o emprego de escovas pequenas, com cerdas macias e superfícies planas, totalmente diferentes das produzidas, com raras exceções, pela maioria dos fabricantes na atualidade.”

Vale advertir também, que com o aumento da frequência de erosão dentária é importante que além do uso de escovas com cerdas extra macias, dentifrícios fluoretados específicos, o intervalo para o início da escovação após as refeições seja de trinta minutos para a prevenção dos desgastes consequentes da erosão.

Pedros ressalta que quando se refere á higiene bucal, usualmente todos lembram da escova e da pasta. “Porém, a utilização do fio dentário é tão importante quanto a escova. Usar escova e não usar fio é o mesmo que usar fio e não usar escova. O processo de higiene bucal é completo e árduo, infelizmente. E de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, outros recursos devem ser empregados, tais como agulha passa-fio, escovas tipo tufo e interdental e escova elétrica, além dos raspadores linguais. Erroneamente, a população considera muito mais importante o chamado ‘controle químico’ da placa bacteriana, representado pelos dentifrícios e colutórios bucais. Entretanto, o controle químico é coadjuvante. A remoção da placa bacteriana é efetiva pelo ‘controle mecânico’, representado pelas escovas e fio dentário, e em concorde com a técnica adequada.” Helenice ainda destaca que frequentemente os fabricantes se baseiam na literatura nacional e internacional, de pesquisadores e autores de grande reconhecimento no meio científico. “Divulgam artigos e fundamentam-se em pesquisas de longo prazo para terem seus produtos no mercado odontológico. Certamente nenhuma empresa especialmente as multinacionais que tem um mercado mundial passam mensagens duvidosas ou inadequadas para a população, já que no seu corpo empresarial e científico há uma consultoria especializada com foco nos produtos e orientações para profissionais e leigos. Para a população, é recomendável que sempre o Cirurgião-Dentista possa orientá-los, já que a remoção diária do biofilme é de responsabilidade exclusiva do paciente que se conscientizar dessa tarefa para a prevenção das doenças bucais.”

Ela salienta que a educação para a prevenção e manutenção da saúde bucal é trabalhosa, por isso, deve ser frequente e continuada. “Os meios de comunicação devem ser nossos aliados com conteúdos baseados nos trabalhos científicos voltados para a prática clínica e necessidades da população. Maiores incentivos e investimentos são necessários para a divulgação da odontologia voltada para a população.”

Fonte: APCD


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