Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 26/04/2021

Vida virtual de trabalho não é um "copiar + colar" da vida presencial, dizem diretoras da XP, Natura e Google



A pandemia de coronavírus pegou as empresas de surpresa e exigiu mudanças. De uma hora para a outra, a rotina física de trabalho foi adaptada ao mundo virtual, com muitas pessoas trabalhando em home office. Mas um ano depois, quais mudanças deram certo e quais ainda precisam ser ajustadas?

Marta Pinheiro, diretora ESG da XP Inc, Mariana Talarico, diretora da Natura &Co e Ana Carolina Azevedo, líder de RH do Google no Brasil, participaram de uma super live do InfoMoney em parceria com a XP na última terça-feira (13) para debaterem sobre as mudanças nas rotinas de trabalho com a Covid-19, o que veio para ficar e o que não.

No geral, as três executivas afirmaram que o cenário mais provável no pós-pandemia será o de trabalho híbrido, no qual o funcionário vai trabalhar de casa, mas indo ao escritório físico de vez em quando. Elas citaram que as empresas acertaram em oferecer prontamente recursos para que os colaboradores pudessem ter o mínimo de estrutura de trabalho em casa, como pagamento de internet, fornecimento de móveis e dispositivos eletrônicos e até ajuda financeira, por exemplo.

“A vida virtual do trabalho não é um copy + paste da vida presencial”, disse Mariana. “Para mim, o grande aprendizado foi esse. Nós trasladamos o mundo presencial para o virtual, mas aprendemos que isso estava errado”, completou.

A executiva da Natura &Co disse que entendeu que havia uma necessidade de reduzir a carga de trabalho das pessoas e, por isso, implementaram um programa para identificar projetos que estavam em andamento nas equipes, mas que com a pandemia deixaram de ser priorizados. O resultado? Mais de 150 projetos foram congelados para reduzir a carga de trabalho dos colaboradores.

Já na XP, Marta disse que um dos grandes acertos na pandemia foi a criação do XP Anywhere: assegurar aos colaboradores que eles vão poder trabalhar de qualquer lugar, independentemente de uma “volta ao normal” após a pandemia. “Nós pesquisamos e apenas 5% dos nossos colaboradores de fato queriam voltar ao escritório todos os dias”, disse.

“Ter essa flexibilidade de não ter que ir todos os dias ao escritório, de poder estar em qualquer lugar do Brasil, sendo que muitas pessoas têm família em outros estados, isso foi algo que veio para ficar, sem dúvida, e foi um acerto muito grande”, completou.

No Google, Carol comentou que uma das iniciativas importantes adotadas na pandemia foi o benefício “caregiver leave“, uma licença remunerada para que as pessoas pudessem utilizar quando elas julgassem ser necessário. “É para poder cuidar de pessoas da sua família”, explicou.

“A empresa rapidamente conseguiu repensar essa dinâmica de uso do tempo. Como o funcionário estava sendo demandado no lado pessoal, tinha que dar apoio dentro de casa, criança fora da escola, pais que eventualmente eram do grupo de risco, enfim, essa licença foi algo bastante apreciado pelos funcionários. Ajudou muito aos funcionários a atravessar esse período com um pouco mais de work life balance [equilíbrio entre vida pessoal e trabalho]”, completou.

Aprendizados

As executivas citaram, em comum, que o início do home office foi desafiador, especialmente para encontrar o equilíbrio na quantidade de reuniões e e-mails que deveriam existir. “A gente já diminuiu o tempo padrão de reuniões, a gente já fez manuais diversos de boas práticas, vídeos explicativos para que as pessoas possam ter exemplos do que fazer, orientamos as lideranças”, disse Marta, da XP.

“O modelo híbrido vai repensar a tecnologia, a comunicação, os espaços, os benefícios, que precisam ser flexíveis. Não é só ter um mundo virtual e um mundo físico. Tem que repensar esse futuro. Tem muitas empresas fazendo esse exercício. Tem que pensar no que se perde ao não estar juntos. Tem uma perda cultural. Tem colaboradores que sentem falta da interação social. As empresas têm sim, com certeza, que ir para o modelo híbrido, mas com o entendimento de sua cultura e o que é importante para a sua cultura, e cuidar desse elemento”, afirmou Mariana, da Natura &Co.

Carol, do Google, também afirmou que as empresas estão aprendendo conforme os problemas estão surgindo. O mais importante, segundo ela, é a companhia estar dentro do que a legislação trabalhista local permite.

“Nosso time jurídico está cheio de trabalho e vendo como isso está apontando em um determinado país ou outro. É uma linha que precisa ser discutida. A internet quando surgiu era uma terra sem lei. As leis foram construídas a medida em que os problemas foram surgindo. E agora não será diferente. A medida em que a gente for estabelecendo modelos de trabalho [remoto] que forem sendo mais consolidados, eu acredito que a própria legislação local vai ditando muito em favor do trabalhador as obrigações que as empresas têm que ter”, concluiu.



Fonte: InfoMoney


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