Publicado por Redação em Notícias Gerais - 21/07/2015

Você trocaria sua privacidade por descontos em produtos?

Uma pesquisa indica que a maioria das pessoas não se sente confortável com essa barganha, mas a aceita por resignação

Nos EUA metade dos adultos acham que os supermercados deveriam obter a permissão da pessoa para vender suas informações de compras para outras empresas

O discurso publicitário alega que os consumidores estão conscientemente dispostos a trocar suas informações privadas por descontos ou pela gratuidade em produtos e serviços. Assim, por exemplo, quando consumidores utilizam gratuitamente um serviço de email ou quando recebem um desconto por utilizar um cartão de fidelidade, eles estariam conscientemente aceitando que seus dados privados serão coletados e utilizados pela empresa e que o desconto ou o serviço gratuito é o pagamento por essa cessão de privacidade. É o que os economistas chamam de trade off.

A alegação foi colocada em xeque por uma pesquisa recente da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, que mostrou que a troca não é uma ação livre e consciente, mas uma espécie de resignação com uma situação de fato.

Segundo a pesquisa, a maioria dos consumidores americanos não conhece a extensão em que seus dados pessoais são coletados e utilizados pelas empresas e aqueles que conhecem, aderem mais facilmente às práticas de vigilância empresarial simplesmente por entenderem que não há escapatória.

Intitulada “The Tradeoff Fallacy” (“A falácia do tradeoff), a pesquisa entrevistou 1506 usuários de internet residentes nos EUA entre fevereiro e março deste ano, e mostrou que 91% dos entrevistados não acreditam que ser vigiado por empresas sem aviso, em troca de descontos, seja uma troca justa. 84% dos entrevistados gostariam de ter controle sobre o que os publicitários e as empresas podem descobrir sobre eles através de suas atividades na internet. 65% acreditam que não exercem quase nenhum controle sobre quais informações pessoais podem ser coletadas.

Para um dos autores da pesquisa, o professor Joseph Turow, da Universidade da Pensilvânia, a maior preocupação que advém dos resultados é que, a longo prazo, as pessoas deixem de confiar na “própria instituição do comércio”. Apenas 43% dos entrevistados diz que aceitaria descontos e facilidades sem saber que tipo de informação as empresas comerciais podem obter.

No entanto, uma parte da maioria que não está disposta a ceder a privacidade por descontos parece desinformada sobre como e quanto isso acontece e a que está informada parece mais disposta a ceder. Assim, por exemplo, “49% dos adultos americanos que utilizam a internet acreditam (equivocadamente) que, por lei, os supermercados devem obter a permissão da pessoa para vender suas informações de compras para outras empresas”, diz o estudo.

Paradoxalmente, os consumidores que estão melhor informados sobre isso são os mais dispostos a aceitar os descontos oferecidos em troca dos dados privados. “Contrariamente ao que dizem muitos estudos acadêmicos que tentam entender porque as pessoas cedem suas informações privadas, aqueles que sabem mais sobre as práticas publicitárias são os que mais se resignam a aceitá-las”, diz o estudo. Trata-se do que o professor Turow chama de “paradoxo da privacidade” – o fato de os consumidores americanos quererem facilidades nas compras, mas não se sentirem confortáveis de estar sob “vigilância comercial”.

“As pessoas sabem que estão sendo vigiadas”, explica Turow, “mas não enxergam nenhuma maneira de impedir isso”. Para ele os consumidores americanos se sentem acuados. Por um lado, não compreendem como seus dados pessoais são utilizados pelas empresas e pelos publicitários; por outro, temem sofrer perdas sociais e econômicas caso escolham não tomar parte nas relações e serviços de uma economia baseada na troca de dados. “Quando você vive num mundo em que todos os seus amigos estão numa rede social que coleta seus dados, como Facebook, ou acredita que o Google fornece o melhor serviço de buscas da internet, é muito difícil se imaginar fora deste mundo”, explica ele.

Fonte: Revista Carta Capital


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