Publicado por Redação em Gestão do RH - 09/09/2025

75% das mulheres em cargos de liderança já vivenciaram a Síndrome do Impostor

Um obstáculo silencioso cresce entre colaboradores em posições de liderança ou que buscam recolocação internacional: o impostorismo. Popularmente conhecido como a Síndrome do Impostor, ele faz com que até os profissionais mais qualificados sintam que não merecem estar onde estão, como se o próprio sucesso fosse fruto de sorte ou acaso, e acreditam que são “fraudes” prestes a serem descobertas.

Carol Santos Moreira, especialista em carreira, afirma que isso não é um problema individual, mas um fenômeno social oriundo de ambientes tóxicos, falta de representatividade e viés estruturais. Uma condição mais comum do que se imagina: nos Estados Unidos, 82% dos trabalhadores já viveram essa sensação em algum momento da vida, conforme mostra uma pesquisa feita pelo Journal of General Internal Medicine. E entre os CEOs do país, a síndrome já atingiu 71%, de acordo com a Korn Ferry Workforce Report.

Liderança sem máscaras

Nos cargos ocupados por líderes, o impacto da Síndrome do Impostor costuma ser ainda mais visível, já que afeta diretamente o time. Gestores abalados podem se tornar excessivamente autocríticos, hesitar na tomada de decisões e transmitir insegurança para suas equipes. Outra pesquisa, feita pela consultoria KPMG, mostra que 75% das mulheres nestas posições já vivenciaram o impostorismo, especialmente em momentos de ascensão.

Para Carol, cabe também à gestão criar um ambiente psicológico seguro, incentivar feedbacks específicos e regulares, e promover redes de apoio e políticas de diversidade que reduzam vieses inconscientes. “No cenário atual, liderar com autenticidade e autoconfiança não é apenas uma questão de saúde mental, mas também um diferencial competitivo”. 

Rupturas na trajetória profissional

A especialista em carreira reforça que o impostorismo tende a crescer entre trabalhadores que arriscam uma carreira internacional ou um negócio próprio além das fronteiras, onde os parâmetros de sucesso mudam de forma brusca. A razão disso estaria no choque cultural, nas diferenças de idioma e nas práticas profissionais, que acabam criando um terreno fértil para dúvidas internas e crises existenciais.

Um relatório da Harvard Business Review observa que líderes expatriados frequentemente enfrentam maior pressão de performance, já que precisam provar competência em um ambiente novo, ao mesmo tempo em que lidam com a sensação de isolamento e a expectativa de resultados rápidos. 

“A insegurança pode levar à autossabotagem, dificultando não apenas a adaptação pessoal, mas também a construção de confiança com a equipe local”, reforça Carol. Para ela, os dados confirmam que não é talento que falta; é ambiente que amplifica as indecisões e o medo de errar. 

Como lidar com a insegurança

Aprender a silenciar a voz interna do impostor pode ser o primeiro passo para construir trajetórias mais sólidas e inspiradoras. Apesar dos desafios, a especialista destaca que há caminhos para dar um novo significado ao impostorismo e torná-lo um motor de crescimento.

“Autoconhecimento é uma das prioridades: investir em terapia, coaching e mentorias especializadas em transição de carreira internacional é uma excelente forma de se entender e descobrir que esse sentimento é comum”, aconselha Carol, que também ressalta a importância do “impostor” construir redes de apoio, tanto locais quanto globais. “Elas reduzem o isolamento cultural e oferecem suporte emocional e estratégico aos profissionais”.

No fim das contas, a especialista conclui que a síndrome não deve ser uma inimiga. “Admitir vulnerabilidades também fortalece vínculos e inspira confiança genuína em equipes multiculturais”, explica a profissional. “O impostorismo não precisa ser eliminado: ele pode ser o sinal de que você está crescendo e se desafiando. O segredo está em não deixar que ele defina suas escolhas”.

Fonte: Você RH


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