Publicado por Redação em Gestão do RH - 30/07/2025
Comitê de Pessoas: o pilar esquecido da governança que pode definir o futuro da sua empresa
Quem está defendendo a pauta de pessoas no seu conselho?
Enquanto finanças, riscos e auditoria são temas consolidados nos conselhos de administração, a pauta de pessoas ainda é tratada como secundária na maioria das empresas brasileiras. E a pergunta que precisa ser feita é: como sustentar uma estratégia de negócios sem uma governança robusta sobre o capital humano?
Em um cenário em que atração e retenção de talentos se tornaram diferenciais competitivos reais, surpreende que tantas organizações ainda releguem a gestão de pessoas a um plano tático e operacional — longe da mesa de decisões.
Onde está o comitê de pessoas da sua empresa?
A verdade é que muitas companhias sequer possuem um comitê de pessoas ativo, com escopo bem definido, poder de influência e composição qualificada. Algumas chamam esse fórum de “comitê de RH”, outras acoplam o tema a comitês de auditoria ou governança. Mas o problema não está no nome. Está na ausência de protagonismo.
Quando o papel do comitê de pessoas é ambíguo ou inexistente, ninguém assume a responsabilidade pelas diretrizes estratégicas de gestão de pessoas. E as consequências são inevitáveis:
Perda de talentos-chave
Políticas de remuneração desalinhadas
Riscos reputacionais crescentes
Um fosso cada vez maior entre cultura organizacional e estratégia de negócios
Como deve ser composto um comitê de pessoas?
As boas práticas de governança indicam que o comitê de pessoas deve reunir liderança, técnica e visão externa. No mínimo, deve contar com:
O CEO, para garantir o alinhamento com a estratégia corporativa
O principal executivo de RH, com visão técnica e sensibilidade organizacional
Um conselheiro independente com vivência em cultura, liderança e pessoas
O presidente do conselho, sempre que possível, para dar tração às decisões
Essa configuração fortalece o papel do comitê como guardião de uma cultura que desenvolve, engaja e retém talentos com propósito e desempenho.
Quais atribuições realmente fazem a diferença?
Empresas que tratam o comitê de pessoas como parte estratégica da governança costumam atuar em cinco frentes principais:
✅ Políticas de remuneração e incentivos
Garantir que a lógica de remuneração esteja conectada à estratégia de longo prazo, evitando distorções e promovendo equidade interna.
✅ Avaliação de executivos e conselheiros
Implantar processos formais e transparentes de avaliação de desempenho e desenvolvimento das lideranças.
✅ Sucessão e desenvolvimento de liderança
Antecipar movimentos e garantir continuidade com segurança, em momentos de transição estratégica.
✅ Cultura, diversidade e ESG
Dar legitimidade à pauta social e evitar que ações de diversidade ou cultura fiquem apenas no discurso.
✅ Indicadores humanos estratégicos
Acompanhar dados como turnover, engajamento, clima e produtividade com foco em decisões consistentes.
O que mostram os resultados?
Empresas que estruturam bem seus comitês de pessoas colhem benefícios evidentes:
Estabilidade de liderança em momentos críticos
Coerência entre valores e decisões de negócio
Maior atratividade no mercado de talentos
Reputação empregadora fortalecida
Crescimento sustentável com base em pessoas
E mais: essas empresas costumam se antecipar a crises, atuar com consistência em ESG e liderar transformações culturais com eficiência — algo que o mercado e os investidores valorizam cada vez mais.
RH, você está sendo representado na governança da sua empresa?
Essa é a pergunta que deve ecoar entre diretores de RH, conselheiros e CEOs. Quem está defendendo a pauta de pessoas no seu conselho? Se a resposta for “ninguém” — ou “não sabemos” — há um alerta importante: a governança da sua empresa está incompleta.
Próximos passos: o que o RH pode (e deve) fazer agora
Se sua empresa ainda não possui um comitê de pessoas com mandato formal, o momento de agir é agora. O caminho envolve:
Revisar a estrutura atual do conselho
Criar um comitê de pessoas com regimento e metas claras
Selecionar membros com experiência em liderança e gestão de talentos
Integrar esse comitê à tomada de decisões estratégicas
Governança de pessoas é governança de negócios
Empresas que compreenderem essa relação com profundidade sairão na frente em inovação, retenção de talentos e sustentabilidade. Afinal, capital humano deixou de ser um ativo invisível — ele é, hoje, um dos principais fatores de risco e vantagem competitiva no mercado corporativo.
E você, profissional de RH, está pronto para levar essa pauta ao topo da agenda?