Publicado por Redação em Dental - 13/12/2011

Novidades tecnológicas fazem dentistas detectar cáries antes ignoradas

Até 2010, Amelia Nuwer, de 22 anos, costumava ir ao dentista anualmente na sua cidade natal Biloxi, no Estado do Mississippi. E a cada ano ela recebia um atestado de que gozava de plena saúde bucal: segundo ele, não havia necessidade de fazer restaurações.

Quando começou a estudar na Universidade do Alabama, porém, ela foi a um novo dentista, que deu a ela seu primeiro diagnóstico negativo: ela tinha duas cáries. Seis meses depois, o mesmo dentista disse que ela tinha outras duas. No início deste ano, ela recebeu de novo uma má notícia: mais uma cárie.

De alguma maneira, em 12 meses, ela tinha se transformado de alguém que tinha uma saúde bucal perfeita em alguém que tinha cinco cáries. "Pensei que havia algo de errado comigo", disse ela.

O dentista de sua cidade natal, Francis Janus, também ficou surpreso. Ao examinar a paciente logo após ela se formar, concluiu que havia realmente "lesões cariosas incipientes", uma forma de cárie em estágio inicial conhecida por alguns dentistas como "microcáries".

"Ele disse que teria optado por não fazer as restaurações das microcáries", lembrou ela. "Fiquei chateada e irritada".

As cinco restaurações haviam lhe custado quase 500 dólares.

O caso de Amelia não é o único. Com tecnologias de detecção cada vez mais sofisticadas, os dentistas estão encontrando - e tratando - anormalidades dentárias que podem ou não se transformar em cáries. Enquanto alguns dizem que a iniciativa de tratar as microcáries constitui uma estratégia proativa para proteger os pacientes de maiores prejuízos, os críticos dizem que os procedimentos, além de desnecessários e dolorosos, apenas aumentam os custos dos atendimentos.

"A melhor abordagem é ficar à espreita", afirmou James Bader, professor e pesquisador da Faculdade de Odontologia da Universidade da Carolina do Norte. "É importante realizar novos exames a cada seis meses".

Além disso, sempre que um dentista perfura um dente com a broca, acrescentou Bader, "condena seu paciente a continuar fazendo novas restaurações por anos a fio".

Uma lesão incipiente de cárie é o estágio inicial de danos estruturais ao esmalte, normalmente causada por uma infecção bacteriana que produz um ácido que dissolve o dente.

A lesão nem sempre leva ao surgimento de uma cárie, causa pela dissolução da camada que fica abaixo do esmalte, conhecida como dentina. Há minerais que podem reparar essas lesões, sobretudo quando acrescidos de flúor.

Primeiros estágios

Muitos especialistas acham que não faz sentido fazer restaurações nos primeiros estágios de dissolução.

"Se a perda na parede de esmalte não estiver muito clara, não se deve preencher a cavidade", afirmou Bader.

No entanto, a maioria dos dentistas está propensa a fazer as restaurações. De acordo com um levantamento dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, realizado em 2010, 63 por cento de mais de 500 dentistas americanos disseram que restaurariam um dente cariado que não tivesse progredido para além do esmalte, mesmo que o paciente tivesse histórico de boa higiene dental.

Tais restaurações costumam custar de 88 a 350 dólares, de acordo com pesquisa publicada em 2007 pela revista Dental Economics. De acordo com a American Dental Association, cerca de 175 milhões de restaurações são realizadas nos Estados Unidos a cada ano.

Os planos de saúde cobrem todas as restaurações, sejam de microcáries ou de cáries grandes, porque os dentistas são pagos pelos planos de saúde com base no trabalho que realizaram, e não nos sintomas que observaram.

"Em um mundo ideal, existiria um código de diagnóstico para cáries. Sabemos o que é um dente, sabemos o que é a superfície, mas não sabemos quão grave é uma cárie", comenta o Dr. John Yamamoto, vice-presidente da Delta Dental, importante associação da área de odontologia.

Divergências

Enquanto os dentistas diferem quanto à abordagem, a associação de dentistas oferece, intencionalmente, poucas orientações. Além de incentivar o uso de flúor e selantes dentais para prevenir cáries, ela evita fazer recomendações formais de tratamento e não tem uma política sobre o tratamento de cáries incipientes, ou da dissolução do esmalte, de acordo com um representante.

Douglas Young, dentista especialista em diagnósticos da Universidade do Pacífico, acha que a "ficar à espreita" não faz sentido.

"Se você fosse a um médico e ele diagnosticasse que você possui fatores de risco para um problema cardíaco, ele começaria a tratar os sinais iniciais da possível doença e tentaria prevenir males futuros", argumentou Young, que ajudou a desenvolver um sistema padronizado de avaliação de risco de cáries utilizado pela associação de dentistas.

Para encontrar cáries incipientes que não podem ser observadas com raios X ou a olho nu, os dentistas usam vários métodos novos e sofisticados de detecção, que incluem técnicas com fibra ótica e exames com laser infravermelho. Existe ainda um aparelho, chamado Diagnodent, que é um scanner de luz fluorescente capaz de identificar anormalidades na densidade do dente.

Mas obturar um dente com base em uma leitura feita com o Diagnodent "depende dos riscos envolvidos", segundo a Dra. Margherita Fontana, professora adjunta da Universidade de Michigan. As microcáries de um adulto com ótima higiene dental provavelmente estão menos propensas a se transformarem em cáries que devam ser obturadas do que as de um adolescente que bebe refrigerante o dia inteiro.

Porém, outros especialistas criticam o Diagnodent e outros dispositivos de detecção precoce de cáries porque tais aparelhos identificam regiões dos dentes que não estão realmente afetadas por lesões de cárie. Além do mais, mesmo com uma avaliação de riscos, é difícil saber se uma lesão verdadeira poderá se tornar uma cárie ou não.

"Não fica claro o que vai acontecer ao longo dos cinco anos seguintes", afirma Bader. "Ainda não há dados suficientes".

Gabriella Ribeiro Truman, 36 anos, que dirige uma agência de viagens em Nova Jersey, nunca teve uma cárie.

"Eu nunca passei por qualquer intervenção odontológica relevante e faço limpeza duas vezes por ano", contou ela.

Cerca de um mês e meio atrás, porém, ela foi a um novo dentista. Ele tirou algumas fotos em alta resolução de seus dentes e ampliou as imagens em uma tela. Ele identificou seis microcáries, além de uma sétima possível.

Ele disse que elas "poderiam se transformar em algo maior", lembrou Truman. "Eu poderia ter que passar por tratamento de canal e perder meus dentes".

"Você se sente desconfortável quando é colocada nessa posição", acrescentou.

O dentista lhe entregou um orçamento de 3.500 dólares para realizar as restaurações. O valor, elevado demais, a fez hesitar.

"Quer dizer que me transformei de alguém que tem uma ótima higiene dental em alguém que precisa de um tratamento assim?", questionou. "Eu prefiro ir a outro dentista antes de passar por isso".

Fonte:noticias.uol.com.br|13.12.11


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