Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 07/04/2011

O caminho do ar e a arte de respirar

Para o ar, a boca deve ser como uma rua de mão única: só saída.

A respiração é formada por pares que se repetem: a inspiração e a expiração. Ao nascer, inspiramos pela primeira vez; ao morrer, expiramos pela última. No intervalo entre uma e outra, ao longo de toda a vida, cada respiração faz com que o ar passe pela via respiratória e pelos órgãos do olfato.

Quando o bebê nasce, três mecanismos básicos são acionados: respiração, sucção e deglutição, três movimentos que regulam quase a totalidade do trabalho muscular da face e que fazem a modelagem óssea natural, contribuindo para o formato do rosto.

Nós somos produto da informação genética, da hereditariedade e do meio ambiente - isto é, de como funcionamos em relação ao meio ambiente. Uma criança pode ter a potencialidade genética de um rosto bem formado e bem proporcionado; porém, se crescer respirando pela boca, seu rosto poderá ser alterado. Entre forma e função, a função governa o processo. A respiração nasal é fisiológica, natural, correta e fundamental para uma vida saudável.

A respiração bucal é sintoma de que algo está errado; muitas vezes as pessoas não percebem a seriedade de um sintoma como este. É preciso verificar a causa, o que está levando a criança a respirar pela boca e eliminar este fator desfavorável.

Uma simples obstrução na passagem de ar é suficiente para que a criança inicie a respiração bucal, processo em que a boca assume o papel do nariz, tornando-se a única passagem de ar para continuar respirando e mantendo suas funções vitais.

Para o ar, a boca deve ser como uma rua de mão única: só saída.

Existem diversos fatores que contribuem para o surgimento de uma respiração bucal que podem ser de natureza obstrutiva - desvio de septo, adenóide, processo alérgico, resfriado prolongado - ou decorrente de maus hábitos.

Por exemplo, em razão de problemas alérgicos, a mucosa nasal se irrita, aumenta de volume e obstrui a passagem nasal, que já é pequena, impedindo a respiração normal. Como defesa, a criança passa a respirar pela boca, assumindo então uma forma incorreta de inspirar e expirar.

A via normal de respiração é via nariz que é mais longa do que a passagem pela boca; isso faz com que o ar chegue mais filtrado, mais puro, mais aquecido, diminuindo as possibilidades de infecção.

Além disso, a relação entre distúrbios do sono relacionados à respiração bucal e o funcionamento cognitivo, com queda de rendimento escolar, está claramente estabelecida pela ciência.

Corrigir o quanto antes

O ar passando pelo nariz estimula o desenvolvimento e o crescimento dos ossos. Respirando pela boca, o terço médio da face não se desenvolve bem: o ar, ao invés de contatar o assoalho do nariz, passa entre a língua e o céu da boca. Ao invés de formar uma abóbada levemente arredondada, o céu da boca vai se estreitando e ficando mais alto. Isso vai influir diretamente no posicionamento dos dentes e no crescimento harmônico da face.

É preciso corrigir a respiração o mais precocemente possível, enquanto há tempo para remodelar a arcada, bem antes da definição da dentição permanente. O diagnóstico e o acompanhamento do médico pediatra e do otorrinolaringologista são de fundamental importância. O dentista poderá avaliar a dentição e promover a correção que for necessária.
Junta-se a esses profissionais o fonoaudiólogo, todos trabalharão na função de respiração, recuperação da forma da estrutura óssea, da posição dos dentes e do equilíbrio muscular. Por isso, ao notar que a criança está respirando pela boca, deve-se tentar eliminar o problema ou reverter o hábito o mais rapidamente possível.

Cintura Labial

Durante a noite, enquanto a criança dorme, ou mesmo durante o dia, os pais podem observar e verificar qual a via de respiração que predomina.

Há um complicado sistema de equilíbrio de forças dentro da boca, em que os lábios em contato desempenham um importante papel. Lábios afastados favorecem a projeção da língua. Ao ficar com a boca entreaberta, a criança joga a mandíbula para baixo; nas faces, formam-se sulcos em volta das asas do nariz. Os contornos se modificam, há um crescimento desigual da boca, o lábio debaixo diferente do de cima. Além de todos esses problemas, vão surgir deformações na arcada, necessitando de correções ortodônticas e ortopédicas.

Se há obstrução física, deve ser removida. Mas, muitas vezes, respirar pela boca é uma questão de hábito. Um resfriado muito longo: a criança começou a respirar pela boca e continuou assim mesmo depois de curada. Instalou-se o hábito. Devagar, em casa, é possível reensinar a respirar pelo nariz. É uma espécie de reeducação que pode ser tentada pelos pais; conforme a idade da criança, o resultado se torna mais ou menos fácil. Natação costuma funcionar muito em termos de reeducação respiratória.

É possível despertar na criança as vantagens, o conforto, o bem-estar que advêm da respiração pelo nariz, mantendo a boca fechada e os lábios em contato. Esse procedimento é resultado de uma estimulação gradativa, freqüente, até a criança retomar a via que é mais natural, até que tudo, novamente, se automatize.

Fonte: odontologika.uol.com.br | 07.04.11


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