Publicado por Redação em Gestão do RH - 02/07/2021

Salário a combinar: por que não revelar o salário nos processos seletivos?



Em 2015, uma ex-funcionária do Google nos Estados Unidos, Erica Baker, seria a responsável por iniciar um movimento em massa em diversas empresas do mundo. Insatisfeita com a falta de transparência, ela criou uma planilha para que funcionários divulgassem seus salários na empresa. A iniciativa gerou uma série de outras planilhas preenchidas por funcionários de companhias como Microsoft, WeWork e organizações de mídia, muitas das quais continuam ativas até hoje — inclusive no Brasil.

O movimento denota um conflito que ainda parece longe de se resolver: de um lado, as pessoas querem ter acesso a informações de salário e remuneração. De outro, há relutância das empresas em abrir essas informações. E o problema segue atual. Em um estudo do Glassdoor, site que permite que usuários avaliem anonimamente empresas onde trabalham, oito em cada dez pessoas em busca de um emprego em 2020 preferiam vagas com pelo menos uma informação aproximada de salário. Mas mais da metade dos funcionários entrevistados pelo Glassdoor relatou não ter ideia de qual era o salário quando se candidatou para o último emprego.

No Brasil, a situação se repete. Em abril, das 50.019 vagas anunciadas na plataforma InfoJobs, por exemplo, 42% vieram com a frase “salário a combinar”. O restante, 58%, dividia-se entre vagas com salário ou com faixa salarial. Segundo Nathália Paes, responsável pelo desenvolvimento de negócios do InfoJobs, a maioria das oportunidades que abrem informação salarial costuma ser para níveis mais baixos, como júnior e pleno. “Ocultar o salário ainda é prática recorrente em grande parte das empresas, especialmente para cargos mais altos”, afirma.

O que parece estar por trás disso é o medo, sob várias formas. “Há o receio de colocar essa informação nas mãos dos concorrentes”, diz Erica Isomura, sócia e consultora da Corall, consultoria de RH. O risco é também o de perder os próprios funcionários para outras empresas, caso saibam que elas pagam melhor. A preocupação é, ainda, a segurança, levando-se em conta o contexto de países desiguais como o Brasil. “Algumas empresas avaliam que declarar valores dos cargos mais bem pagos pode colocar em risco os profissionais”, diz Erica.

Outro medo seria o de atrair candidatos puramente interessados no salário, e não na vaga em si. A ideia é que não declarar o valor pode chamar pessoas mais motivadas por outros fatores que não o financeiro, como cultura e propósito. É por isso que Maria Sartori, diretora de recrutamento da Robert Half, consultoria especializada em recrutamento e seleção, costuma recomendar aos clientes que não abram nem mesmo a faixa salarial. Ainda que essa seja, de fato, a questão que Maria Sartori mais ouve dos candidatos. “Divulgar essa informação pode desestimular o profissional a seguir no processo, mesmo antes de conhecer a vaga”, diz. “E, no final, é possível que ajustemos o valor de acordo com quem escolhemos.”



Fonte: VOCÊ RH


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