Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 13/04/2022

Saúde mental dos colaboradores: não há mais espaço para subestimar tema tão relevante



Muito se fala que a pandemia alterou e acelerou modelos de trabalho e de gestão no universo corporativo. As mudanças mais acentuadas aconteceram nas jornadas dos colaboradores, com a adoção dos formatos de trabalho híbrido ou home office integral, e no âmbito tecnológico, com a aceleração da transformação digital, necessária para que os processos continuassem funcionando com os profissionais atuando à distância. Outro avanço que tem transformado a forma como as companhias olham para o seu capital humano foi o aumento da preocupação com a saúde mental dos colaboradores. Se antes os problemas emocionais ou psicológicos eram subestimados em algumas organizações, que se mantinham céticas diante do tema, hoje é um dos assuntos mais abordados quando se fala em gestão de pessoas.

No geral, quando eram apresentados ao tema saúde mental, os líderes e a alta direção de algumas empresas consideravam esses argumentos como “mi mi mi”, como se diz popularmente. Achavam que o colaborador não tinha estrutura emocional para suportar a pressão do dia a dia ou que os problemas eram justificativas para amenizar gaps de produtividade e performance. Por esse motivo, o assunto era pouco valorizado, tinha baixa prioridade na agenda dos executivos e pouco investimento era destinado para ações de prevenção ou tratamento de problemas associados à essa natureza.

Com o surgimento da pandemia, problemas relacionados à saúde mental dos funcionários foram ficando mais evidentes nas empresas e, finalmente, despertando a devida preocupação nos líderes. As incertezas do período, principalmente o temor de perder o emprego, sobrecarga de trabalho, combinadas ao isolamento social e ao receio de contrair o vírus da covid-19, fizeram com que muitas pessoas desenvolvessem transtornos de ansiedade e, em casos mais graves, quadros agudos de depressão. Diante disso, as organizações passaram a enxergar o assunto sob um ponto de vista diferente. Muitos dos que não acreditavam na seriedade e relevância do problema, passaram a acreditar.

Um dos principais avanços nesse sentido foi a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter incluído na relação de doenças ocupacionais, a partir de 1º de janeiro deste ano, a Síndrome de Burnout, distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante.

Nesse cenário, os profissionais de Recursos Humanos depararam-se com uma nova responsabilidade, embora eles não devam atuar sozinhos na condução desses casos. É papel do RH identificar e influenciar as lideranças, para que elas passem a inserir os temas relacionados à saúde mental na pauta de assuntos relevantes da organização, fomentando a sensibilização e a empatia, para que todos tenham condições de tratar o tema com a seriedade necessária. É importante esse compartilhamento de responsabilidades.

Quando pensamos na prática, as ações de prevenção são as mais importantes, e elas estão inseridas no dia a dia de gestão. Os líderes precisam se conscientizar sobre os limites e as exigências de entregas, zelando pelo saudável relacionamento entre empregador e empregado. Na grande maioria dos casos, as pessoas não pedem demissão das empresas, mas sim dos gestores, muitas vezes em decorrência de um relacionamento extremamente desgastado. O estilo de gestão é fundamental quando o assunto é saúde mental e é nesse momento que entra a habilidade da boa relação interpessoal e a sensibilização dos líderes.

Se, apesar das ações e medidas de prevenção não surtirem os resultados esperados, o mais recomendado é contar com apoio especializado. Muitos profissionais de RH não tem a formação profissional necessária e o embasamento conceitual para tratar dos assuntos relacionados à saúde mental dos colaboradores. Esse assunto envolve uma grande responsabilidade pessoal, a qual não deve ser assumida por profissionais que não tenham sido qualificados e preparados para tomar as devidas decisões. Por isso, é importante que as empresas contem com um time de pessoas capacitadas a oferecer suporte a diversos assuntos relacionados à saúde mental e suas devidas causas, tais como questões psicológicas, conflitos familiares, situações de luto, apoio jurídico e orientação financeira.

Na Ticket, por exemplo, temos o programa “Conte Comigo”, que é oferecido desde 2016, com o suporte de profissionais qualificados em suas respectivas áreas de atuação, para apoiar os colaborares nas temáticas supracitadas. Durante a pandemia, ele tornou-se ainda mais relevante, com picos de utilização nos meses de abril e maio de 2020, no início do período de isolamento, e em março de 2021, quando a segunda onda de contágio pela doença começou.

Ainda durante a pandemia, criou-se uma ilusão de que os modelos home office ou híbrido de trabalho diminuiriam os casos de Burnout ou outras ocorrências associadas à saúde mental. É inegável que há pontos positivos nesses modelos híbridos de trabalho, tais como a flexibilidade de tempo, a economia com o deslocamento entre casa e trabalho, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, além de um relacionamento entre líder e liderado que pode ser fortalecido pelo aumento das relações de confiança. Mas precisamos estar muito atentos às rotinas diárias dos trabalhadores, ao excesso de cobrança por mais entregas, buscando estipular horários e jornadas de trabalho balanceadas, reduzindo a quantidade de reuniões virtuais, entre outros fatores que possam sobrecarregar os colaboradores, e consequentemente colocar em risco a sua saúde mental.



Fonte: Mundo RH


Posts relacionados


Deixe seu Comentário:

=