Publicado por Redação em Previdência Corporate - 09/08/2013

Valores pagos pela Previdência são ruins, dizem 83% da região do ABC

Trabalhar boa parte da vida e contribuir com a Previdência Social. Esta é a rotina da maioria dos aposentados no País. Mas depois de ingressar na lista dos segurados da Previdência, a situação não é tão boa. Ao menos é o que aponta recorte da Pesquisa Socioeconômica do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano).
 
Segundo o estudo, que está baseado em dados de fevereiro, 32,2% da população do Grande ABC consideravam péssima a atuação do governo federal na remuneração dos aposentados. Somadas as avaliações ruins e muito ruins, o percentual atinge 83,3% dos moradores. 
 
Levando em consideração apenas as análises de que a situação das remunerações é péssima, há uma piora ao passar dos anos. Em fevereiro de 2012, por exemplo, 30,6% consideravam péssima a atuação da União nos pagamentos aos segurados da Previdência Social. Em agosto de 2009, início da série histórica da pesquisa, eram 26,8%.
 
O aposentado Roberto Canavesi, 71 anos, disse que considera péssimo o valor do benefício atualmente, tanto para ele quanto para os seus colegas que já deixaram o trabalho de lado. E afirmou que quando deu início ao batente não esperava encarar tal situação em momento tão frágil de sua vida.
 
Nascido e morador de Santo André, em 1956 ele entrou na Pirelli, adolescente ainda, e escolheu o curso de mecânico ajustador com vista de atuar nesta área. Cursou o Senai, continuou na firma, e trabalhou por muitos anos, até que em 1989 se aposentou como encarregado de oficina.
 
O problema é que durante o período de trabalho, Canavesi contribuiu para a Previdência Social com alíquotas que, no mínimo, eram referentes a dez salários-mínimos. “Mas hoje o quanto ganho não atinge cinco salários”, desabafou.
 
O primeiro impacto que o aposentado sofreu ao entrar para a lista dos segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) foi se sentir obrigado a diminuir o seu patamar de qualidade de vida. E não foi muito diferente aos seus colegas.
 
“Antigamente nós conversávamos e vários falavam que iriam para a casa de praia no fim de semana. Outros tinham uma chacrinha para cuidar. Mas depois, aposentados, ninguém mais consegue manter essas coisas. Tudo mudou. Hoje, se pararmos para pensar, fica difícil para pagar a gasolina e o pedágio para descer até o Litoral”, explicou.
 
DESPESAS
 
A redução da qualidade de vida não é explicada apenas pelo aumento de dificuldade para se divertir e ter horas de lazer com a família. Outros fatores têm grande influência na opinião dos moradores da região para que a maioria considere os valores dos benefícios ruins.
 
“Um aposentado, com o dinheiro que recebe do governo, deveria ao menos conseguir pagar um convênio médico. Mas isso é praticamente impossível”, declarou o diretor de políticas sociais da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antonio Ferreira Rodrigues.
 
Ele explicou que os benefícios da Previdência não acompanham a inflação dos produtos e serviços que os aposentados realmente consomem. “O governo entende que o indicador de inflação (que utiliza como base para os reajustes das aposentadorias acima do piso) mostra a média de aumento dos preços para todos. Mas para os mais velhos, a inflação é muito maior”, criticou Rodrigues.
 
Canavesi revelou que atualmente tem plano de saúde empresarial vinculado à firma que um de seus sete filhos tem. Ele paga cerca de R$ 800 mensais, mas contou que o seu convênio antigo, de uma das maiores operadoras do País, atualmente custaria R$ 3.000. “É impossível pagar isso com a minha aposentadoria. E eu, depois de tudo o que trabalhei e passei, a essa altura do campeonato entendo que não preciso ficar horas nas filas de hospitais públicos.”
 
Segundo as regras da Previdência Social, as aposentadorias acima do piso são corrigidas com o percentual de inflação acumulado no ano anterior apontado pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
 
Na virada de 2012 para 2013, o INPC, que mede a variação média para todas as famílias com renda entre um e cinco salários-mínimos, acumulou expansão de 6,20%. Por isso, durante vários anos, há uma queda no poder de compra dos segurados, destacou Rodrigues.
 
Exemplo disso é o próprio reajuste liberado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) para as operadoras no ano passado. Essas empresas poderiam corrigir seus planos, com contratos a partir de 1999, por até 7,93%, ou seja, mais do que os benefícios do INSS acima do piso tiveram correção.
 
TRABALHO
 
Rodrigues pontuou ainda que a solução para muitos aposentados é tentar ampliar a renda com algum tipo de trabalho. “Mas é muito difícil o mercado de trabalho aceitar. Não tem por que contratar uma pessoa mais velha, com capacidade laboral menor. Eles querem um rapaz ou uma moça novos. Então muitos acabam fazendo serviços que dão pouca remuneração”, destacou o representante dos aposentados na região.
 
Este é o caso do aposentado andreense Raimundo Vieira. Atualmente, com 62 anos, ele faz bicos de motorista para complementar a renda. “A verdade é que tenho que trabalhar, senão não consigo sobreviver. E mesmo assim, chega no meio do mês, se não consigo uma renda extra, não tenho mais dinheiro para nada”, disse Vieira.
 
Para se ter uma noção da necessidade dos aposentados em buscar nova fonte de renda, dados da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Grande ABC mostram que, neste ano, aproximadamente 130,1 mil segurados voltaram à ativa. Isso representa cerca de metade dos beneficiários da Previdência.
 
Em maiores proporções, no País, destacou em maio ao Diário o professor de Macroeconomia da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Silvio Paixão, apenas 2% dos 30 milhões de aposentados brasileiros tinham independência financeira.
 
O Ministério da Previdência Social não respondeu à equipe do Diário. 
 
Fonte: Diário do Grande ABC

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