Publicado por Redação em Gestão do RH - 12/04/2023

Vamos ressignificar a liderança e a produtividade?



Outro dia, vi um post de um empreendedor dizendo que ser um líder é viver estressado, preocupado e ansioso. Sou uma empreendedora, lidero minha empresa há sete anos — e não poderia discordar mais da declaração dele. Para mim, ser um líder é ser exemplo, buscar o equilíbrio e cultivar a saúde mental e física. Estresse, preocupação e ansiedade acometem todos nós, claro, e quanto maior a responsabilidade, mais a porta fica aberta, mas encaro como estados a serem superados — e não cultuados.

Aprendi com uma ex-chefe, quando eu ainda nem sonhava em ter meu negócio, que ser produtiva não é passar a noite e o fim de semana fazendo meu trabalho. Mas, sim, ser eficiente e cumprir com qualidade o que me cabia no menor número de horas possível.

Lógico que há momentos na vida de qualquer profissional comprometido em que é preciso trabalhar mais horas, com mais intensidade e foco. Faz parte da vida — e não só do trabalho. Há fases em que uma área exige mais do que as outras, e saber ajustar essa medida exige sabedoria para ser flexível, deixar alguns pratos caírem sem dramas. Priorizar. Mas não estou falando desses momentos. Estou falando sobre adotar o estresse, a ansiedade e a preocupação como estilos de vida e liderança.

Quando comecei a idealizar minha empresa, um dos objetivos que eu tinha em mente era, dali a alguns anos, ser mais dona do meu tempo. Nunca tive problema em trabalhar bastante — na verdade, isso me diverte mais do que muito lazer convencional. Mas sempre busquei equilíbrio na vida, saúde mental e física, e a maneira que eu via de me realizar de verdade era tendo liberdade, flexibilidade, espaço para fazer escolhas que me representem a cada momento.

Ter uma empresa e assumir a liderança, por mais energia que fosse me exigir e mais incerteza que me trouxesse, seria uma maneira de construir meu próprio trabalho e alimentar a relação mais saudável que eu pudesse ter com ele.

Hoje, sete anos depois desse pensamento e de muitas ações, tenho orgulho de não viver estressada, ansiosa nem preocupada. Sou, sim, muito responsável e comprometida com o que me propus a fazer, procuro antecipar problemas diariamente e agir rápido sobre eles, além de identificar oportunidades construtivas. Mas hoje consigo fazer isso em horas mais produtivas, como me ensinou a antiga chefe, o que para mim significa mais qualidade de vida.

Desde o ano passado, junto com pessoas cada vez mais preparadas para tocar o Atelier comigo, tenho estruturado a empresa para precisar cada vez menos de mim no dia a a dia, me liberando para estar onde eu realmente acredito fazer a diferença: relacionamento com
a equipe, clientes e potenciais clientes, candidatos a oportunidades no Atelier, algumas entrevistas, edições de textos, estratégia e planejamento de longo prazo.

Completamos apenas nosso primeiro setênio de vida. Ainda há muito mais a ser construído e conquistado. Certamente virão pela frente desafios que abalarão as estruturas tão cuidadosamente desenvolvidas até aqui. Mas isso é a vida nos convidando a fazer o que acredito que viemos fazer neste mundo: melhorar e amadurecer quem somos e o que fazemos constantemente.

Ariane Abdallah é jornalista, autora do livro “De um gole só – a história da Ambev e a criação da maior cervejaria do mundo” e fundadora do Atelier de Conteúdo, empresa especializada na produção de livros, artigos e estudos de cultura organizacional. 

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.


 

Fonte: Forbes


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