Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 10/09/2021

Como ajudar alguém que apresenta pensamentos suicidas?



Setembro é um mês muito especial para os médicos da área de saúde mental. É neste mês que a Associação Brasileira de Psiquiatria, junto com o Conselho Federal de Medicina, organiza o Setembro Amarelo, que tem como objetivo conscientizar a população brasileira sobre a importância de todos nós – médicos e cidadãos – trabalharmos pela prevenção do suicídio.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o suicídio é uma das principais causas de morte no mundo. Morrem mais pessoas como resultado de suicídio do que de Aids, câncer de mama ou malária. Os números da OMS apontam que 1 em cada 100 mortes se deve à auto eliminação.

Uma das perguntas mais frequentes que cercam este tema é: “Será que se eu conversar com alguém que acredito ter ideia de se matar vou encorajá-lo a cometer suicídio?” Esse é um dos mitos mais comuns. É algo que faz parte do imaginário popular, mas que se propagou inclusive entre profissionais de saúde. Estudos nos Estados Unidos apontam que apenas 1 em cada 3 médicos aborda o assunto com seus pacientes com depressão. Depressão, nós sabemos, é um dos problemas de saúde mental mais diretamente relacionados ao aparecimento da ideia de alguém tirar a própria vida.

A verdade é que abordar o tema com alguém que está desesperançado pode abrir caminho para que a pessoa que está sofrendo discuta e coloque para fora os seus sentimentos, geralmente de desalento em relação à vida.

Nós, médicos, quando nos deparamos com alguém que dá algum indício de querer tirar a própria vida, temos de olhar para esse paciente de forma respeitosa, amorosa, mas muito atentos para procurar entender qual é o sofrimento que ele guarda dentro dele. Como podemos ajudar aquela pessoa que está passando por um momento muito particular e íntimo, mas de grande angústia?

E o resto de nós? Como abordar esse tema com alguém que conhecemos e sabemos que pode estar pensando em tirar a própria vida? É importantíssimo demonstrar afeto e estar totalmente aberto a escutá-lo. Muitas vezes, o que aquela pessoa quer – e precisa – é de um aperto de mão, de um abraço, de um aconchego.

Procure pegar na mão daquele seu conhecido, sentar-se ao lado dele ou dela, encostando ombro com ombro para mostrar o quanto você gosta dele. Você pode falar algo assim: “Eu estou preocupado com você. Eu não sei exatamente o que você tem. Eu não sou médico, mas eu gostaria que você procurasse um médico, pois vejo que não está bem. Eu estou fazendo com você o que eu sei que você faria comigo se eu estivesse no seu lugar. Posso marcar um médico para você? Posso ir junto? Vamos conversar com um médico agora?”

Essa proximidade, essa humanidade, esse afeto ajudam muito quem está em um quadro de sofrimento. Iniciar uma conversa como essa pode, sim, contribuir para que quem sofre veja formas alternativas de sair dessa situação e saiba que pode encontrar auxílio junto a um profissional de saúde.

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

 


Fonte: Forbes

 


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