Publicado por Redação em Previdência Corporate - 30/06/2015

Planos de previdência privada crescem, mas ainda pesam no bolso: cuidado na escolha

Com menos jovens trabalhando para pagar o INSS, situação dos aposentados no futuro é uma incógnita

Em junho, Dilma vetou mudança que adianta a aposentadoria integral, mas trouxe alternativa

Com os avanços recentes da medicina e da tecnologia, viver até os cem anos será uma realidade para grande parte das novas gerações brasileiras. Mas você já pensou como vai fazer para se manter financeiramente quando não puder mais trabalhar?

Sustentar-se com a aposentadoria do INSS hoje já é um desafio para milhões de brasileiros e a situação pode ficar ainda mais difícil.

Isso porque a regra para se aposentar mudou recentemente e a Previdência Social é descrita por economistas como uma “bomba-relógio” com grande risco de "explodir" no futuro.

Por isso, aumenta a necessidade de ter pelo menos uma fonte alternativa de renda na velhice.

Uma parcela expressiva da população aposta na previdência complementar. Prova disso é o aumento de 47,4% dos novos planos de previdência privada em abril deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

Atualmente, são 13,6 milhões de planos ativos no País. Mais de 91 mil pessoas já contribuíram e hoje fazem uso desse dinheiro.

Porém, esse número ainda é baixo, se for levada em conta uma pesquisa feita em 2014 pela FenaPrevi/Ispsos que mostrou que 78% dos brasileiros não conhecem previdência privada. Esse percentual aumenta entre pessoas das classes C, D e E.

No Brasil, o INSS garante a aposentadoria de todos os trabalhadores que preencherem requisitos mínimos estabelecidos por lei (hoje, são 18,4 milhões). Recentemente, o Congresso Nacional derrubou o Fator Previdenciário — um cálculo que desestimulava a aposentadoria precoce.

Agora, uma Medida Provisória, proposta por Dilma, une idade e tempo de contribuição para definir se a pessoa já pode ter direito ao benefício.

Para economistas ouvidos pelo R7, o País ainda tem um enorme desafio pela frente até conseguir uma Previdência Social equilibrada. Isso porque a taxa de natalidade vem caindo ano após ano e as pessoas estão vivendo mais. Ou seja, a conta não fecha se houver um grande número de aposentados e uma parcela menor de jovens no mercado de trabalho — o ideal é que uma pessoa trabalhando banque um aposentado.

Sem reformas profundas, o INSS sempre precisa de dinheiro do Tesouro Nacional para pagar as aposentadorias. Mas a pergunta é: até quando isso será possível?

Economista e autor do livro O futuro irá chegar!, Fernando Meibak defende que os brasileiros — mesmo fora do mercado de trabalho formal (sem carteira assinada) — contribuam com o INSS, mas que também pensem em uma poupança paralela.

— Eu sou fã de as pessoas terem o INSS, mesmo quem não tenha vínculo de trabalho. Porque tem esses benefícios de pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-maternidade, pensão por invalidez. Como eu acho que o INSS é uma bomba, que um dia pode ter problemas graves, também acho que as pessoas devam pensar em ter recursos para o futuro fora do regime de Previdência [Social].

"Caro", mas vale a pena

Mesmo contribuindo com o INSS há quase duas décadas, aos 38 anos, o administrador de empresas Rubens Souza se deu conta que não poderá só contar com o governo quando decidir se aposentar. Ele resolveu procurar um plano de previdência privada.

— Busquei informações com amigos e familiares que já pagam previdência privada e achei que atende as minhas necessidades, além de caber no bolso. [...] Achei um pouco caro, pelos custos administrativos, mas ainda assim pode ter um bom rendimento no futuro. É importante ter esse hábito de destinar todo mês um dinheiro para a aposentadoria.

Modalidades

Dois tipos de planos de previdência privada são encontrados no mercado: O PGBL (Plano Gerador de Beneficio Livre) e o VGBL (Vida Gerador Benefício Livre). A diferença entre eles é a tributação.

No primeiro, tudo o que for depositado durante o ano poderá ser abatido do Imposto de Renda, com limite de 12%. Na hora do resgate, todo o valor está sujeito a 15% de IR.

No VGBL, não é possível deduzir o valor depositado do Imposto de Renda, mas apenas o rendimento está sujeito à tributação na hora do resgate. Esse último plano também permite deixar um beneficiário, em caso de morte.

Esses planos são fundos de investimento em que cada integrante é dono de uma parte. Um gestor aplica o dinheiro em títulos e ações que considere mais rentáveis. Mensalmente, o cliente é informado do lucro.

Desvantagens

Luciano D’Agostini, doutor em desenvolvimento econômico pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e membro de Cofecon (Conselho Federal de Economia), explica que os interessados devem colocar na ponta do lápis os custos da previdência privada. Em um depósito mensal de R$ 500, por exemplo, as taxas que incidem podem chegar a 15%.

— Quem aplica em previdência privada hoje, no geral, se fizer a conta da matemática financeira de longo prazo, está perdendo muito dinheiro. Nem tudo o que você contribui vai para a previdência, tem a parte do corretor e da seguradora, tem Imposto de Renda. O custo da operação de previdência privada é um absurdo no Brasil.

O consultor Fernando Meibak também alerta para o alto custo dessas modalidades.

— Esses produtos são uma armadilha porque cobram taxas de administração muito alta no Brasil. Eu só recomendo as pessoas a fazer investimentos em PGBL se tiver uma taxa de 1% ao ano de administração. Mas se ela souber usar o computador, eu recomendo que fique no Tesouro Direto.

Tanto no PGBL quanto no VGBL, o ideal é que se faça um depósito incial maior, de R$ 10 mil, por exemplo. Isso permite ao contratante do plano negociar taxas administrativas mais baixas do que se começasse com R$ 500.

Fonte: Portal R7


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