Publicado por Redação em Previdência Corporate - 07/12/2012

A escolha da previdência como presente para as crianças

A previdência complementar é uma das formas de investimento em que os pais encontram alento para a inquietação de garantir um bom futuro para os filhos, preocupação que independe da renda familiar. Alguns já substituem o presente de Natal ou o de aniversário por um polpudo aporte. Segundo a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), entidade que representa 22 seguradoras e 13 entidades abertas de previdência complementar no país, 7,58% dos planos ativos de previdência privada hoje são voltados para jovens até 18 anos. Os chamados planos para menores tiveram uma alta de 14,25% de janeiro a agosto deste ano frente ao mesmo período de 2011, com aportes que somaram R$ 1,2 bilhão. Na Brasilprev, 40% dos 1,47 milhões de planos PGBL e VGBL da companhia já se destinam aos pequenos.

Quem procura um plano para uma criança, porém, dificilmente já pensa na aposentadoria, explica o diretor-executivo de Produtos de Investimento do Itaú Unibanco, Osvaldo do Nascimento. Os pais chegam às seguradoras para fazer uma reserva que custeie no futuro um período de estudos no exterior, uma faculdade particular ou o primeiro negócio do filho (um consultório médico ou dentário, por exemplo). Muitas vezes, optam pela previdência pela vantagem fiscal e a regularidade da contribuição mensal, que ajuda a manter o compromisso mês a mês.

- Hoje, já é comum os responsáveis fazerem planos para recém-nascidos. Em geral, são pessoas que já têm plano para si e sabem que, quanto antes se começa, melhor. Lançamos planos para menores que têm como referência notas do Tesouro Nacional mais longas, como NTN-B 2025, 2030 ou 2040, que pagam um prêmio maior acima da inflação. A poupança, hoje, está pagando abaixo da inflação.

Dolores Pizão, de 61 anos, ouviu às mesmas críticas à poupança quando decidiu investir no futuro dos netos. Ela tem dois, Vinicius, de 10 anos, e Flora, de 4. Quando a mais nova nasceu, a dona de casa e comerciante seguiu a orientação do banco do qual é cliente e criou um plano para as crianças:

- Para meus filhos, fiz poupança. Mas agora me disseram que previdência era mais vantajoso. Ponho R$ 100 por mês, que é quanto cabe no orçamento. Quando eles chegarem aos 18, vão decidir o que fazer. Eu preferia que eles continuassem poupando...

Segundo pesquisa feita entre os clientes da Brasilprev, os responsáveis financeiros dos planos são, em 90% dos casos, pais; em 6%, avós previdentes como Dolores; e, em 2%, tios. O restante tem classificações diversas.

Os R$100 por mês tornam-se cerca de R$ 30 mil em 18 anos

Nascimento, do Itaú, calcula que, após uma aplicação inicial de R$ 1.000, considerando um investimento em previdência que gere juros reais de 4% ao mês, com uma contribuição de R$ 50 por mês, por 18 anos, o investidor acumularia R$ 17.167, 30. Se forem investidos R$ 100 mensais, a acumulação é de R$ 32.477. Já se a conta for inversa, e o objetivo for chegar ao valor de um carro, por exemplo, de R$ 35 mil, a contribuição teria de ser de R$ 121,6 por mês, para pais que comecem a contribuir nos primeiros meses de vida da criança, e R$ 322 a partir dos 10 anos.

Nas opções voltadas para os pequenos, contrata-se o plano por determinado período (18 ou 21 anos). Pode-se inscrever o nome do pai ou do menor.

- Se o plano estiver no nome do menor, automaticamente a partir dos 18, ele pode usar o recurso. Muitos pais não se sentem confortáveis com isso. Por isso, hoje, ainda tem-se maior percentual de venda no nome dos pais - explica Sandro Bonfim da Costa, gerente de Inteligência de Negócios da Brasilprev.

O valor da contribuição mensal varia de acordo com a instituição: na Brasilprev, é a partir de R$ 25; na Caixa Econômica Federal, R$ 35. Segundo Francisco Tarcísio Ribeiro de Abreu, gerente-executivo de previdência da Caixa, a ascensão da classe C no país já se reflete na previdência, sobretudo no segmento voltado para crianças.

- Primeiro, houve um grande salto de consumo. Hoje, muita gente já consegue poupar o dinheiro que está entrando a mais. A base é a preocupação de não querer que os filhos passem pelas mesmas dificuldades encontradas pelos pais.

Cada seguradora oferece também um pacote de seguros ou assistência, que diferencia seu produto. A Caixa conta com uma assistência educacional acoplada ao plano, que oferece serviços de professores particulares caso a criança tenha de ficar afastada dos estudos. Segundo Nascimento, do Itaú, na instituição, é comum a contratação de, combinado ao plano de previdência, um seguro, em que no caso de morte dos responsáveis, a seguradora continua fazendo uma contribuição mensal. É o chamado pecúlio. O valor dessa cobertura, porém, é somado à contribuição mensal.

A falsa segurança da renda fixa

Como jovens e crianças têm um grande tempo de contribuição pela frente, vale a pena assumir mais riscos na escolha de quanto aplicar em renda variável, aconselha Nascimento. Essa decisão, no entanto, muitas vezes esbarra no instinto de proteção dos pais, que tendem a achar que a renda fixa, por apresentar riscos menores, trará mais segurança ao patrimônio do filho.

- Num cenário de juros baixos, é preciso ter maior percepção do valor do dinheiro. A mentalidade conservadora existe e está ligada ao passado de instabilidade econômica do país. Mas hoje é preciso pensar melhor nas aplicações, tornou-se mais difícil formar patrimônio. A renda fixa pode fazê-lo encolher.

Na Caixa, 75% dos planos para crianças ainda se apoia na renda fixa. Já na Brasilprev, Bonfim conta que, graças a um forte trabalho de venda consultiva e de conscientização dos clientes, aumenta a procura por renda variável. Na instituição, o segmento menor, como é chamado, foi criado em 1997, voltado para jovens até 21 anos.

A previdência também é uma boa forma de fazer a sucessão patrimonial, já que conta com um processo mais simples e barato do que realizar um inventário. E é uma maneira de oferecer ao beneficiário uma renda que garanta seu sustento, uma tranquilidade para os pais que temem que os filhos jovens esgotem o patrimônio na juventude, caso eles faltem. Isso porque o patrimônio acumulado pode tanto ser sacado pelo beneficiário quanto ser transformado em renda.

Márcia Moreno, de São Paulo, fez a escolha pela previdência numa fase de mudanças em sua vida, em que a instabilidade do momento aguçou a preocupação com o futuro do filho. Separada e autônoma, Márcia está em transição da carreira de jornalista para a de esteticista. Há cerca de um ano, decidiu que uma boa forma de preservar o bem-estar de Caleu, de 10 anos, era, para além da poupança, contratar um plano de previdência. Fez para si e para ele.

- Muitos parentes não sabiam o que dar para o Caleu em ocasiões como Natal, aniversário. Eu aproveitava para sugerir um depósito na poupança, que é um presente para o futuro. Negociava antes com ele. Como ele é filho único, acaba ganhando o que quer, e não precisa mexer nesse dinheiro. A minha preocupação maior é deixar as coisas para ele. Agora com a previdência, faço a contribuição mensal e minha ideia é, quando ganhar um valor maior por mês, fazer aportes.

Para Bonfim, os pais deveriam agir como Márcia, dividindo com os filhos as informações sobre o investimento e deixar de lado o medo de que ele fosse aplicado em algo que não aprovem, enquanto essa hora não chega.

- O investimento é uma excelente ferramenta de educação financeira - defende.

Fonte: Terra


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