Publicado por Redação em Gestão do RH - 10/06/2020

As novas prioridades do RH num mundo Pós-COVID-19



Uma pesquisa realizada pelo The Economist Intelligence Unit, a pedido da ADP, mapeou quais eram os principais desafios dos RH´s, antes da Covid-19, com a acelerada expansão internacional das companhias. Realizado no fim do ano passado, o levantamento ouviu 1 mil executivos do C-level e RH em todo o mundo, em diversos setores, para traçar um cenário e mostrar quais eram as motivações, prioridades e desafios naquele contexto.

Agora, diante da situação global imposta pelo coronavírus, especialistas da The Economist Intelligence Unit e a ADP analisam o levantamento neste novo cenário para expor quais pontos ganharam mais relevância e devem seguir como tendência nos próximos anos.

Segundo o estudo, dentro do cenário de expansão das organizações para outros territórios, um dos principais desafios para o RH estava em ‘Recrutar pessoal/gerência com competências adequadas’, ponto listado por 46% dos participantes. Na sequência, apareciam as questões de ‘conformidade com as leis e costumes locais’ (43%) e a ‘compreensão de diferenças locais e suas implicações no RH’, com 41%.

O country Leader of The Economist Intelligence Unit no Brasil, Marcio Zanetti, aponta que, neste novo cenário, onde os governos precisam atualizar constantemente suas leis para enfrentar os desafios impostos pela Covid-19, a busca por conformidade com as legislações estaria no topo da preocupação dos executivos da área de gestão de pessoas, muito em função da preocupação com prejuízos financeiros em decorrência de eventuais multas.

Para Mariane Guerra, vice-presidente de Recursos Humanos da ADP na América Latina, além da questão legislativa, o bem-estar e as novas formas de comunicação, são itens que, certamente, estariam entre as prioridades. “O trabalho remoto é algo que muitos trabalhadores e, até mesmo empresas, não estão habituados. Por isso, neste novo mundo, as companhias precisam pensar em formas de garantir a saúde mental de seus colaboradores e, até mesmo, em como se comunicar, já que o trabalho remoto tende a crescer, inclusive, entre as pequenas e médias empresas”, pontua.

Outro ponto que aferido pelo estudo, junto aos executivos entrevistados, foram os desafios diante da escala. E os principais pontos listados foram o aumento com os custos gerenciais e com a necessidade na ampliação da mão de obra. “Acredito que, neste momento, estes itens permaneçam prioritários, mas questões relacionadas à gestão da produtividade, também, entrariam no foco, diante da impossibilidade de acompanhamento próximo”, comenta Zanetti.

A pesquisa ouviu os entrevistados, ainda, sobre as funções internacionais de RH que foram as mais aperfeiçoadas pela tecnologia. Neste ponto, a maioria dos executivos apontou a integração dos processos de RH (46%), seguida pelo treinamento de colaboradores (42%) e gerenciamentos dos custos operacionais de RH (34%).

A vice-presidente de Recursos Humanos da ADP comenta que o engajamento, entre líderes e suas equipes, é algo que se transforma e, com o atual cenário, isso deve continuar evoluindo. Se antes esta relação se dava de uma forma mais próxima, olho no olho, com a expansão internacional das empresas – e com as possibilidades disponibilizadas pelos tecnológicos -, isso mudará.

“Será preciso uma mudança de mentalidade, pois muitas soluções para que a gestão não se restrinja territorialmente já existem e estão em uso. Na ADP, por exemplo, já contamos com uma plataforma de gestão de desempenho e talentos, voltada para os líderes, onde é possível acompanhar a evolução de tarefas e prioridades das equipes. Ou seja, neste ponto, o desafio estará na busca pela alteração do mindset dos colaboradores e, também, dos gestores”, analisa Mariane.

O estudo The Economist Intelligence Unit questionou os executivos sobre a paridade salarial entre fronteiras. O objetivo era entender se este é um ponto de desafio, diante das diferentes realidades de cada região. Neste item, 49% dos entrevistados disseram que ‘tentam manter a paridade salarial e os benefícios em todas as divisões internacionais, na medida do possível’; ‘criamos faixas salariais para cada região onde operamos’ , foi a resposta de 27%; seguida de 21%, que explicaram que ‘a remuneração e os benefícios é estabelecida de acordo com as taxas do mercado local’.

Zanetti destaca que, neste novo cenário, onde ficará mais difundido o trabalho remoto, a questão da paridade dos benefícios que são ofertados pelas empresas tendem a ser um dos pontos de atenção para os RH´s. Segundo o especialista, mesmo considerando as peculiaridades regionais, é inevitável que os colaboradores façam comparações.

Mariane complementa que a questão da paridade, tanto salarial, quanto de benefícios, deve seguir como um dos desafios para os gestores, em virtude de fatores como o custo de vida em determinadas regiões e a presença de mercado da empresa, entre outros. Contudo, segundo a executiva, o importante é que as organizações mantenham um canal de comunicação aberto com seus funcionários para saber, inclusive, quais são as necessidades de locais específicos.

Abaixo, estão os principais insights do estudo:

Profissionais qualificados – Segundo a pesquisa, 55% dos entrevistados dizem que o acesso à mão-de-obra acessível os obriga a expandir para novos territórios, enquanto 66% das organizações afirmam que sua busca por habilidades especializadas os fazem olhar para além do país de origem. O foco nessas áreas reflete um impulso para aproveitar a experiência e as capacidades globais em vários níveis dentro das empresas, criando uma força de trabalho, verdadeiramente, internacional que tem a capacidade de competir em escala global.

Desafios do RH – 71% dos participantes concordaram com a seguinte afirmação: “Os problemas relacionados ao RH estão entre as barreiras mais desafiadoras para a expansão internacional que nossa empresa enfrenta”.

O recrutamento é indicado como o maior desafio relacionado ao RH resultante da expansão, de acordo com os participantes: 46% classificaram “Recrutar pessoal/gerência com competências adequadas” como um dos três principais desafios. Além do recrutamento, os líderes de RH classificam a conformidade com as leis e os costumes trabalhistas (43%) e “Integrar processos/sistemas/dados de RH díspares” como os demais desafios.

RH estratégico – A expansão internacional é uma oportunidade de fazer uma contribuição estratégica. A maioria dos participantes (84%) concorda que as tendências de expansão internacional são uma oportunidade para o RH de ajudar a impulsionar a estratégia da empresa. Mas, como aconselham os participantes, os líderes de RH devem ser assertivos para garantir que os problemas relacionados à força de trabalho sejam identificados e abordados na estratégia de expansão da organização.

Como expandir – As grandes empresas são mais propensas a expandir por meio de fusões e aquisições e a enfrentar desafios culturais ao longo desse caminho. As empresas com mais de 5 mil colaboradores têm mais probabilidade de expansão internacional por meio de fusões e aquisições do que as com menos colaboradores, embora a abertura de escritórios regionais seja a abordagem mais comum para ambos os grupos. No entanto, o desafio de RH mais frequente entre essas grandes empresas é compreender as diferenças culturais.

Tecnologia a favor – A tecnologia e a análise de dados têm ajudado muito as empresas a expandir suas funções globais. Do design de serviços e sistemas de RH até a estratégia de recrutamento, a análise tem desempenhado um papel fundamental no suporte e promoção de mudanças, de acordo com os participantes da pesquisa. Isso é, particularmente, útil em um momento em que as empresas tentam criar serviços globais que levem em conta os requisitos legais e culturais cada vez mais dinâmicos e numerosos dos escritórios no exterior.

Custos dos desafios – Apesar dos benefícios da expansão global, os desafios proporcionados aos RHs geram alguns impactos negativos. O primeiro item citado na pesquisa é o aumento das despesas sob a forma de custos maiores de gerenciamento (51%) e de um número maior de colaboradores de RH (50%), seguido por aumento dos custos legais (35%).



Fonte: Mundo RH


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