Publicado por Redação em Notícias Gerais - 15/05/2014

Atuação do BNDES e juros altos inibem renda fixa


A combinação de taxas de juros elevadas e incerteza macroeconômica, em um cenário de concorrência com os títulos públicos, do lado da oferta, e do dinheiro barato do BNDES, pela demanda, dificultam o desenvolvimento de um mercado de captação de dívida privada no país. A conclusão é de especialistas reunidos em evento promovido pela Cetip, ontem.
 
As emissões de títulos de dívida emitidos por empresas, como debêntures, historicamente estão abaixo do potencial da economia brasileira, apesar dos avanços recentes. O próprio governo reconhece que os instrumentos atuais de financiamento de longo prazo, como os recursos direcionados da caderneta de poupança, estão "próximos do limite", o que torna essencial a participação do setor privado para que os projetos necessários ao crescimento do país sejam viabilizados.
 
O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, destacou iniciativas do governo para fomentar o mercado privado, como os incentivos fiscais no investimento em debêntures destinadas a financiar projetos de infraestrutura. Uma das propostas em estudo é a de ampliar os setores beneficiados, segundo o executivo.
 
O governo também avançou na proposta de criação da letra financeira imobiliária, título de captação bancária com lastro em financiamentos imobiliários. A expectativa é que haja novidades sobre o tema até o fim deste ano, segundo Oliveira.
 
Apesar de considerar a agenda do governo positiva, o chairman do Goldman Sachs no Brasil, Paulo Leme, defendeu melhorias na condução da política econômica. "Os desequilíbrios macro atenuaram o impacto das medidas microeconômicas tomadas para estimular o mercado de dívida privada", afirmou.
 
Leme destacou que a taxa de poupança no país caiu 4,9 pontos percentuais desde 2008, pico da série. O governo tem uma poupança negativa e, ao mesmo tempo, possui uma grande necessidade de recursos tendo em vista o programa de investimentos previstos na economia.
 
Por isso, o executivo comparou a grande presença do governo no mercado com a figura de um "elefante na banheira". "Se não tem ninguém poupando, vou emitir título para quem?", questionou, ao comentar a dificuldade das empresas em levantarem recursos com instrumentos de dívida.
 
A presença do BNDES, que concede financiamentos a empresas a juros subsidiados, foi criticado por Zohar Goshen, professor da Universidade de Columbia e ex-presidente da autoridade reguladora de Israel.
 
Para Alexei Remizov, responsável pela área de mercado de capitais do HSBC Nova York, o BNDES cumpriu um papel importante durante a crise financeira de 2008. "Mas essa atuação foi perpetuada depois", disse. Leandro Miranda, diretor de renda fixa do Bradesco BBI, defendeu que atuação do banco federal se concentre nas fases iniciais dos projetos de infraestrutura, quando não há demanda do mercado em razão dos riscos envolvidos. "Há espaço para todos", afirmou.
 
Além do BNDES, o apetite dos bancos privados por crédito acaba diminuindo a participação do financiamento corporativo via mercado de capitais, segundo Marco Antonio Sudano, diretor de "trading" do Itaú BBA. Os juros altos e o spread baixo dos títulos privados em relação à taxa livre de risco também inibem uma maior presença do investidor, de acordo com o executivo.
 
No mesmo evento, o chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, Sergio Odilon dos Anjos, disse que entre os pontos em que o Brasil precisa avançar, há a necessidade de aprimoramento do mercado secundário e de renda fixa prefixada.
 
Odilon também disse que a regulação do sistema financeiro deve caminhar de modo a alinhar incentivos e atuar em falhas de mercado. "A importância da regulação deve ser estimada em função dos incentivos que produz sobre a economia", afirmou.
 
Com a obrigatoriedade de registro de todas as operações realizadas, os reguladores brasileiros possuem uma capacidade diferenciada de monitoramento do mercado, segundo ele.
 
 
Fonte: Valor Online - São Paulo/SP - FINANÇAS


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