Publicado por Redação em Dental - 13/06/2011

Bula de remédio: a cura do mal ou o mal da cura

Ler a bula de um remédio às vezes é mais amargo que o próprio remédio.

A palavra bula vem do latim – bulla – que se referia a antigo selo oval, de ouro ou prata, com o nome ou a imagem do seu possuidor. Em terapêutica, bula é o impresso que acompanha um medicamento, com informações acerca do remédio.

Expressões populares usando o termo bula são usadas para comparar determinadas situações. Antigamente ouvia-se muito dizer que fulano era mais convencido do que bula de remédio. Era uma época em que, por falta de controle, o fabricante enaltecia tanto o seu produto com propaganda abusiva, muitas vezes enganosa, que na bula era relacionada uma série de propriedades dando conta de que o medicamento pretendia ser bom para tudo.

Outra situação em que se usava o termo bula era quando nos referíamos a pessoa tão afeita ao hábito de leitura, tão ligada ao hábito de ler, que lia tudo que vinha à sua frente, até bula de remédio!

A ironia reside justamente na dificuldade em se ler uma bula, que costuma ostentar letras muito miúdas e ser repleta de expressões técnicas. Com as regras estabelecidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) prevendo letras maiores e o uso de linguagem mais simples no item que relaciona as informações ao paciente, as indecifráveis bulas estão mudando, mas ainda persistem algumas com letras ainda de tamanho muito pequeno, contendo termos técnicos e abreviaturas, fatores que podem dificultar a leitura e a compreensão do texto por parte do usuário, principalmente as pessoas com problemas visuais ou idosas.

Ler a bula de um remédio em tais condições é mais amargo que o próprio remédio.

Fator preocupante: os riscos da auto-medicação

No entanto, surge um outro e preocupante problema: o fato de as bulas, com a nova legislação, passarem a ter informações mais claras, pode intensificar o hábito da auto-medicação, levando muitas pessoas a se basearem nas bulas para se medicarem, sem antes consultar um profissional.
O segredo para evitar esse tipo de atitude não é deixar as bulas ininteligíveis, o que seria um retrocesso, mas, sim, conscientizar a população a não praticar a auto-medicação irresponsável.

A Anvisa alerta para o uso indiscriminado de medicamentos. Estes produtos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicação. O uso indiscriminado de medicamentos é motivo de preocupação para as autoridades de vários países.

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), é grande o número de internações hospitalares provocadas por reações adversas a medicamentos. No Brasil, de acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicação em seres humanos.

Somente em 2002, segundo o sistema, os medicamentos provocaram 26,9% do total de intoxicações registradas em nosso país. Daí a necessidade de alertar a população sobre os riscos da auto-medicação, procurando conscientizar as pessoas sobre a utilização racional dos remédios, usando-o corretamente, ou seja, seguindo a prescrição médica, consumindo a dose adequada, dentro do prazo de validade e guardando o medicamento longe do alcance das crianças.

Tomar remédio sem indicação médica pode dar muita dor de cabeça, levando o paciente ao risco de adquirir outras doenças provocadas pelo mau uso dos fármacos.

O uso incorreto de antibióticos, por exemplo, pode aumentar a resistência dos microorganismos, o que na prática leva à possibilidade de sua ineficácia. Analgésicos, antiinflamatórios ou antigripais em excesso podem provocar irritação na parede do estômago. Estes são alguns exemplos que tornam a consulta médica indispensável, mesmo quando a pessoa lê a bula ou busca informações.

Quando achar que tem algum problema de saúde, o melhor a fazer é procurar o médico e evitar recomendações de amigos, parentes ou mesmo de atendentes da farmácia ou drogaria. É preciso não confundir o balconista com o farmacêutico, que é o profissional capacitado para fornecer orientação sobre medicamentos. O importante é ter por hábito a leitura atenta da bula, mas evitar a auto-medicação.

Conhecendo a bula

Nome de marca – ou nome comercial é a denominação dada pelo fabricante ao medicamento; geralmente é o nome-fantasia, pelo qual se compra o remédio nas farmácias e drogarias.

Nome genérico do princípio ativo – substância contida no medicamento que age no organismo e responsável pelo seu efeito. Escrito com letra minúscula, este nome vem logo abaixo do nome de marca. Às vezes encontra-se, ainda, o nome químico, que descreve a estrutura química do fármaco.

Formas farmacêuticas – são as formas em que os medicamentos são produzidos e se apresentam, por exemplo: comprimido, cápsula, drágea, injetável, xarope, suspensão, pomada, creme, dentre outras.

Fórmulas – é a fórmula farmacêutica também chamada composição: informa quais são as substâncias contidas no medicamento, ou seja, cada um dos seus componentes e em que quantidade se apresentam.

Vias de administração: indicam o local onde o medicamento será aplicado: uso tópico (aplicado na pele), via oral (pela boca), via nasal (pelo nariz), se a injeção é intramuscular (no músculo) ou via endovenosa (na veia).
Informações ao paciente: são orientações sobre a ação do medicamento, vale dizer, como ele funciona e atua no organismo para produzir o resultado esperado e também quanto tempo leva para começar a fazer efeito. Este campo aborda ainda informações sobre o prazo de validade, se existem condições especiais de armazenamento (temperatura, local, umidade ou ausência de luz), meios adequados de manutenção do medicamento longe do alcance de crianças etc.

Modo de uso: como se deve usar o medicamento, suas doses, o intervalo entre uma dose e outra, o tempo de tratamento.

Indicações: para o quê e em que casos deve-se usar o medicamento. Informa também para quais doenças e tratamentos ele é indicado.

Contra-indicações: riscos apresentados pelo uso do medicamento e alertas que proíbem a sua utilização em casos específicos; sinalização de doenças, problemas, sintomas prévios, que contra-indicam o uso do medicamento.

Interações medicamentosas: são reações entre o medicamento e alimentos, bebidas, outros medicamentos e como influenciam em resultados de exames laboratoriais.

Fonte: odontologika.uol.com.br | 13.06.11


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