Publicado por Redação em Notícias Gerais - 24/03/2014

Confiança de empresários e das famílias volta ao patamar de 2009

A confiança de empresários e consumidores voltou ao mesmo patamar observado em 2009, quando o Brasil ainda sofria os efeitos da crise global, após as quedas observadas nos últimos três meses, segundo acompanhamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
 
Para Aloisio Campelo, superintendente-adjunto de ciclos econômicos do Ibre, a atual "onda" de pessimismo é diferente da que ocorreu em julho, quando houve queda rápida dos índices por causa das manifestações que tomaram as ruas de diversas cidades do país, mas com recuperação nos meses seguintes. No atual momento, as retrações são menos intensas, mas parecem configurar uma tendência. "Temos desapontamento com crescimento mais fraco da economia nos últimos anos, a inflação ainda é uma questão que adiciona incerteza ao cenário, então é difícil vislumbrar de onde vão vir notícias positivas que possam reverter esse movimento", diz o economista.
 
Para Campelo, o aumento do pessimismo no início de 2014 reduz as chances de mudanças no cenário de crescimento no horizonte de três a seis meses. "As expectativas tendem a ter influência sobre o ritmo de atividade, o que leva a crer em continuidade do baixo crescimento que temos observado nos anos recentes".
 
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), por exemplo, caiu 1,7% em fevereiro, a terceira queda consecutiva em relação ao mês imediatamente anterior, e atingiu o menor nível desde maio de 2009. As famílias que consideram a situação econômica ruim aumentaram de 35,7% para 41% do total, enquanto aqueles que consideram o quadro bom representam 15,2% do total, um pouco mais do que os 14,2% em janeiro. Para Campelo, o endividamento e a redução da capacidade de consumo das famílias ainda pesam sobre a confiança, principalmente no que se refere às expectativas, que também estão no nível mais baixo desde 2009.
 
No entanto, diz, é possível que uma parcela do pessimismo tenha relação com o noticiário econômico, que tem sido negativo. "É algo reversível, mas que tende a levar o consumidor a agir de forma mais cautelosa", afirma.
 
Outros indicadores reforçam a percepção de que o consumidor está mais reticente. Em março, a Intenção de Consumo das Famílias caiu 3,3%, na comparação com o mês anterior, enquanto o Nível Atual de Consumo recuou 1,8%, para o menor patamar da série histórica, iniciada em 2010, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Para Bruno Fernandes, economista da confederação, os dados são "um forte indício de desaceleração da demanda no curtíssimo prazo", embora a expectativa seja de melhora gradual ao longo do restante do ano. "As condições de crédito provavelmente vão continuar restritas, mas o mercado de trabalho segue aquecido e deve sustentar alguma aceleração das vendas ao longo do ano", afirma.
 
Levantamento realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) também mostrou queda de 7,8% da confiança dos consumidores do município de São Paulo entre fevereiro e março.
 
Já a confiança dos empresários costuma traduzir melhor os movimentos da economia, diz Campelo, da FGV, o que não guarda boa notícia para os próximos meses. O Índice de Confiança Empresarial elaborado pela FGV a partir da agregação, por pesos econômicos, dos índices de confiança da Indústria, Serviços, Comércio e Construção, previamente ajustados por sazonalidade, ficou em 94,6 pontos em fevereiro, abaixo da média dos últimos cinco anos (100 pontos). Desde 2000, o índice só ficou abaixo deste nível entre julho e setembro de 2013, quando as manifestações e a rápida desvalorização da taxa de câmbio abalaram o ânimo dos empresários. Naquele trimestre, a atividade recuou 0,5% sobre os três meses imediatamente anteriores, com ajuste sazonal. O índice se recuperou ao longo do restante do segundo semestre do ano passado, movimento seguido pela atividade, mas voltou a cair a partir de dezembro.
 
No setor industrial, Campelo nota que após leve recuperação até janeiro, a confiança caiu 1% em fevereiro e a prévia de março aponta para outra queda, de 1,7%, no período. "Talvez a indústria estivesse se preparando para um início de ano um pouco melhor, principalmente em relação às encomendas internacionais, mas algumas notícias do setor externo, como a crise na Argentina, podem ter abalado o humor dos empresários do ramo", diz.
 
 
Fonte: Valor Online - São Paulo/SP - BRASIL


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