Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 29/08/2011

Nunca foi tão fácil cuidar da saúde

Nunca foi tão fácil cuidar da saúde. Tive uma experiência para comprovar esta hipótese. Ao acordar pela manhã, percebi uma cor avermelhada, tipo sangue diluído, em minha urina. Antes de contar para alguém ou tomar qualquer atitude, procurei  informações na internet.
 
Digitei as palavras “Sangue na urina” e encontrei um milhão e oitocentos mil resultados. Refinei a busca digitando “Sangue na urina – o que pode ser?”. Setecentos e quarenta e dois mil resultados.  “Sangue na urina em homens” – Quinhentas e trinta e seis mil citações. Procurando bem encontraria sintomas parecidos com os meus e informações sobre diagnóstico e tratamento.
 
Depois de ler alguns artigos, fiquei assustado e nem fui adiante. Infecção urinária, cálculos renais, glomerulonefrite, rins policísticos, tumor dos rins, tumor de bexiga, tumor de próstata, abuso de analgésicos, traumatismo renal eram possíveis causas de minha urina avermelhada. Toda essa informação, ao invés de tranqüilizar, me deixou sem saber o que fazer. Decidi esperar as próximas micções e observar melhor a coloração.
 
Três horas depois, além de um vermelho bem mais forte, senti também ardência ao urinar. O que fazer agora? Quem sabe foi um cálculo sendo expelido? Vai ver foi aquele analgésico que tomei na segunda-feira? Pode ser uma infecção muito leve que vai curar sozinha? Tomo o antibiótico indicado na internet? Mas e se for um tumor maligno?
 
 Achei que deveria procurar um médico urologista. Consultei o livro do meu plano de saúde e encontrei 123 especialistas. Como escolher? Sem nenhuma referência de familiares ou conhecidos, precisei adotar um critério de seleção. Vizinhança e disponibilidade foram determinantes.  
 
 Telefonei para dez médicos. Um me atenderia no mesmo dia, três naquela semana, cinco dali a quinze dias e um no próximo mês. Descartei o médico do atendimento imediato, pois pré julguei que a prestatividade era devida a ociosidade do consultório. Aproveitei o fato de que a consulta seria paga pelo plano de saúde e agendei horário com os três que dispunham tempo durante a semana.
 
 Todos solicitaram exames semelhantes e foram inconclusivos em relação ao diagnóstico. Precisavam aguardar os resultados. Confesso que o Doutor “A” me passou mais segurança e se tivesse que optar, ficaria com ele. Queria ouvir a opinião dos três sobre o meu caso, por isso retornei para as reconsultas.
 
 O diagnóstico foi unânime: cálculo renal, porém as condutas foram diferentes. Cada qual me colocou os prós e contras de manter uma conduta expectante, retirar os cálculos por endoscopia, bombardeamento com ondas de choque ou implante de cateter ureteral. Assinei documentos onde afirmava que tinha ciência de meu diagnóstico, das alternativas de tratamento propostas e dos riscos inerentes.
 
 Nunca foi tão fácil cuidar da saúde. Nunca houve tamanha autonomia e liberdade de escolha. Pesquisei um milhão e oitocentas mil citações sobre o tema sangue na urina, consultei três especialistasem urologia. Poderiair além. A abundância de informações e escolhas me permitiu navegar pela internet e consultórios, avaliar riscos e benefícios e mesmo assim, não sei o que fazer. Estou em um dilema, três médicos e três condutas diferentes. Preciso tomar uma decisão, mas tenho medo de  fazer a  escolha errada.  
 
 Parece que antigamente, quando só havia um urologista e poucas informações disponíveis, tudo era mais fácil. Nosso trabalho era ir ao médico e seguir sua prescrição. A obrigação de acertar era dele. Agora a responsabilidade pela escolha foi transferida para o paciente, um leigo que não sabe quase nada de medicina, está doente e ansioso. Possui  informação, mas não sabe lidar com ela. Falta-lhe conhecimento e experiência. Possui autonomia, mas tem medo da responsabilidade. O risco é grande, mas a escolha será sempre do paciente.
 
 Nunca foi tão fácil cuidar da saúde. Há quem duvide.
 
 Obs. Este é um artigo de ficção, escrito com o intuito de sensibilizar pacientes, médicos e administradores sobre a responsabilidade pelos cuidados com a saúde.
 
Fonte: www.saudeweb.com.br | 29.08.11

Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

SUS oferece tratamento preventivo em casa para crianças hemofílicas

O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer em dezembro medicamento preventivo para tratamento de crianças com hemofilia grave dos tipos A e B em casa. O medicamento é indicado para quem tem até três anos de idade e tenha sangramento ou hemorragia em articulações do corpo. O remédio já estava disponível no SUS, a novidade é que agora os pais podem levar o medicamento para tratar a criança em casa. As informações são da Agência Brasil. O tratamento é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A criança toma o medicamento para repor regularmente o fator de coagulação no sangue. Com isso, previne lesões nas articulações e diminui as chances de sangramentos. Para ter direito ao remédio, a criança precisa ter cadastro em um dos 35 centros de tratamento de hemofilia - a maioria deles vinculados aos hemocentros dos Estados ou municípios. Depois de uma avaliação médica e psicológica, os pais ou responsáveis assinam termo de compromisso sobre o uso do medicamento pela criança em casa.

Saúde Empresarial, por Redação

4 melhores aplicativos para uso em hospitais

Apps revolucionam o modo de diagnosticar, como enfermeiras interagem e o recebimento de tratamentos. Veja indicações

Deixe seu Comentário:

=