Publicado por Redação em Gestão do RH - 14/06/2023

O que bebês podem nos ensinar sobre bons relacionamentos no trabalho



A maioria de nós acredita que ter um relacionamento bem-sucedido com nosso chefe, colegas ou subordinados significa que nos entendemos bem e nos sentimos alinhados e sincronizados. Segundo especialistas, os líderes precisam ter otimismo, empatia, inspiração e cuidado em boas relações de trabalho – e teriam boa parte da responsabilidade sobre a qualidade dessas relações. Mas essa suposição pode colocar muito do fardo de construir relacionamentos apenas nas lideranças.

Aqui temos um ponto de vista diferente. Estudos de desenvolvimento infantil mostram que mesmo bebês de dois a seis meses de idade que ainda não desenvolveram habilidades de linguagem têm um senso de controle e a capacidade de se reconectar com seus cuidadores – mesmo depois de uma certa “desconexão”. Essa prova do potencial dos bebês nos mostra que podemos nos reconectar com outros adultos, de acordo com Claudia M. Gold, pediatra especializada em saúde mental, mesmo depois de uma situação difícil.

Em uma conversa recente, Gold explicou que a maioria das interações entre pais e bebês não é sintonizada. O exemplo mais comum é de quando um bebê está tentando se envolver e os pais se afastam. Se a maioria dessas interações der certo, ou seja, o bebê atrai novamente a atenção dos pais, o desenvolvimento saudável da relação continua. Essas incompatibilidades e retomadas ocorrem várias vezes ao dia e são realmente necessárias para que os bebês exerçam sua capacidade de se relacionar. E esse paradigma continua a se aplicar a nós ao longo da vida. Então, que lições podemos aprender com os bebês para melhorar nossos relacionamentos e senso de conexão no trabalho?

1. Aprenda a lidar com a inconsistência dos relacionamentos no local de trabalho

Assim como bebês podem estar fora de sincronia com seus pais até 70% do tempo, nossas relações de trabalho geralmente dão errado e precisam ser consertadas. Pense nas maneiras como seu local de trabalho funciona em relação a remuneração, hierarquia ou metas conflitantes ou cria tensões poderosas. E, no entanto, essas incompatibilidades não são apenas normais, mas necessárias: essa inconsistência permite e apoia a criatividade e a inovação de maneiras que o pensamento rígido e o poder absoluto não permitem.

“Se houver uma sensação de que a incompatibilidade deve ser evitada a todo custo e que os relacionamentos devem ser harmoniosos, você elimina qualquer oportunidade de reparo”, diz Gold. Adultos habilidosos podem tolerar o caos e o estresse das incompatibilidades no local de trabalho e crescer reparando-as. “Quanto mais confortável você se sentir e confiante em seu papel como chefe, maior a probabilidade de você suportar essa bagunça”. Ela traça um paralelo entre pais que foram maltratados quando crianças e que se tornaram pais autoritários e chefes rígidos só porque têm a oportunidade de terem o poder absoluto.

2. É apropriado se comportar de maneira diversa com pessoas diferentes

Os bebês entendem que seus pais são diferentes deles e também de outros cuidadores, e internalizam os vários padrões de relacionamento interagindo com muitas pessoas diferentes. Portanto, se um relacionamento é desafiador, o benefício trazido por outros relacionamentos pode contribuir para o bem-estar do bebê.

Portanto, não se sinta completamente derrotado por um colega de trabalho horrível ou seu chefe difícil – ao invés disso, envolva-se com as outras pessoas boas ao seu redor. Use o que você sabe sobre cada indivíduo para interagir com eles da maneira que for mais benéfica para esse relacionamento ou para seus objetivos juntos.

3. Não se apegue a uma imagem rígida dos outros.

Todos nós já trabalhamos com pessoas que têm um pensamento rígido sobre como os outros devem se comportar e se mostram intolerantes quando as pessoas não atendem às suas expectativas. Se assumirmos que sabemos mais ou que todos veem uma situação do nosso ponto de vista, podemos ficar cegos a outras possibilidades. Então é provável que tratemos as divergências dos outros em relação às nossas opiniões como provenientes de sua ignorância, estupidez ou malevolência. Gold sugere que o pensamento rígido é uma função adaptativa que ajuda a proteger contra a ansiedade, mas simultaneamente impede a capacidade de uma pessoa rígida de se conectar com os outros.

A falta de flexibilidade pode aliviar a ansiedade no curto prazo, explica Gold, mas “no longo prazo não permite o crescimento. Portanto, a solução é a segurança e a conexão que permitem às pessoas tolerar alguma ansiedade de não saber exatamente para onde as coisas estão indo”. Ela recomenda cultivar um senso de curiosidade e antecipação sempre que você abordar um colega, porque cada indivíduo tem um conjunto único de experiências de relacionamentos que afetam suas percepções e expectativas. “Se você puder adotar a postura de ‘não sei de onde você vem’ e se sentir confortável com isso, terá mais chances de sucesso de eventualmente encontrar seu caminho para se conectar com uma pessoa”, diz Gold.

4. Você vai ter outras oportunidades de se conectar

Muitas vezes, nos culpamos por não pensar em uma coisa inteligente, compassiva ou inspiradora que poderíamos ter dito antes de uma reunião ou conversa terminar. Mas o conceito de reparar incompatibilidades oferece muitas oportunidades para reabordar um tópico ou continuar uma conversa. Desenvolver uma nova abordagem para a segunda tentativa de conversa permite que você dê à outra pessoa algo novo para considerar ao apresentar novas informações a ela. Ou você pode relembrar um diálogo passado para expressar sua compreensão da situação e o ponto de vista da outra pessoa, destacando seus interesses comuns. Essas formas de reparação podem fortalecer uma relação de trabalho mesmo quando você não tem o resultado desejado na conversa; nestes casos, considere a reparação como um investimento num futuro mútuo melhor.

5. Dê tempo à relação

Reconhecer uma incompatibilidade na relação e repará-la requer energia emocional e mental – além de levar tempo. “Quando as pessoas se sentem ameaçadas, elas não conseguem os outros”, diz Gold. “portanto, você precisa de tempo suficiente para que a sensação de ameaça diminua para que ela realmente consiga ouvir outra pessoa”. Planeje uma conversa difícil reservando tempo suficiente para que a outra pessoa ouça as notícias difíceis e se recupere o suficiente para começar a pensar novamente. Ou, então, reabra a conversa mais tarde, assim que a pessoa tiver recuperado a sensação de segurança.

Da mesma forma, quando você receber um e-mail que desencadeia sua raiva ou reatividade, reserve um tempo para se acalmar e recuperar seu próprio senso de segurança antes de planejar sua resposta. Você pode começar o processo de reparo avaliando que o escritor tem uma perspectiva diferente da sua e que suas próprias percepções podem estar erradas – então, sua forte reação pode ser desproporcional e desnecessária.



Fonte: Forbes
* Liz Kislik é colaboradora da Forbes USA. Ela é consultora de gestão e especialista em desenvolvimento de lideranças corporativas.
(Traduzido por Gabriela Guido)


Posts relacionados


Deixe seu Comentário:

=