Publicado por Redação em Notícias Gerais - 15/07/2014

Para evitar calote, governo deve autorizar empréstimo de R$ 2 bilhões

O setor elétrico se transformou em um buraco sem fundo. Desde que o governo decidiu intervir para conceder desconto médio de 20% na conta de luz em 2013, a fatura não para de crescer, seja para as empresas, seja para o Tesouro Nacional. Pelas contas dos especialistas, não bastassem os quase R$ 30 bilhões já enterrados no processo, quantia que não evitou o reajuste da energia para mais de 40 milhões de consumidores, há pelo menos R$ 56 bilhões represados por conta dos sucessivos empréstimos e aportes para socorrer as distribuidoras.

A situação é tão complicada que, um dia depois de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiar, para o fim do mês, o pagamento de R$ 1,3 bilhão em dívidas pelas distribuidoras, o governo sinalizou que poderá autorizar novo empréstimo às empresas, de mais de R$ 2 bilhões, por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Essa empresa já havia assumido débitos de R$ 11,2 bilhões com um pool de bancos, para evitar que o Tesouro contabilizasse essa fatura e destruísse de vez as contas públicas.

Os analistas só veem piora nesse quadro. Eles lembraram que, sem recursos, as distribuidoras precisariam desembolsar R$ 1,9 bilhão na próxima segunda-feira para liquidar as operações realizadas no mercado livre em maio. Para não ser decretado o calote, a Aneel conseguiu adiar uma parcela da conta, de R$ 1,3 bilhão, para o fim do mês. Foi uma forma de dar tempo ao governo para definir de onde tirará os recursos, conforme o diretor da agência reguladora, Romeu Rufino, que está em contato com o Ministério da Fazenda.

O problema é que, da mesma forma como não conseguirão honrar a fatura da semana que vem, as distribuidoras continuarão sem caixa para pagar as parcelas seguintes. Por isso, a necessidade de se fazer um novo empréstimos por meio da CCEE. Os mais de R$ 2 bilhões previstos só resolverão as dívidas de julho e agosto. Segundo a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), as empresas precisarão de mais R$ 7 bilhões até dezembro.

“O governo está resolvendo a situação pari passu, ou seja, quando surge o problema, busca uma solução pontual, mês a mês, dívida a dívida”, lamentou o especialista João Carlos Mello, da Thymos Energia. Nos cálculos dele, por baixo, a fatura represada do setor elétrico chega a R$ 40 bilhões. “Esse montante não será todo repassado às tarifas de uma vez porque os empréstimos contraídos pela CCEE serão pagos em dois anos, e os aportes do Tesouro Nacional, em cinco. Ainda assim, o impacto para os consumidores será pesado e vai se estender até pelo menos 2017”, explicou.

Descaso

Para o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, conselheiro da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel), a conta será maior. “Pelos nossos cálculos, a conta represada chega a R$ 56 bilhões. A situação é dramática. As tarifas de energia precisariam de um reajuste de 35% para cobrir esse buraco”, estimou. Ele disse que o governo já deveria ter encontrado uma solução para o caso, mas tentou injetar um falso otimismo no mercado, assim que o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) caiu para R$ 368 o megawatt/hora (MWh), no mês passado. “Acabou postergando a decisão e agora está correndo atrás de novo”, alertou.

O PLD, preço da energia no mercado livre, caiu a R$ 368 o MWh, mas passou parte do primeiro semestre no topo, a R$ 822,83, principal razão do endividamento das distribuidoras, que sofrem ainda com a falta de chuvas.

 

Fonte:Portal PCH - Schroeder /SC - NOTICIA - 14/07/2014 - 20:44:08


Posts relacionados

Notícias Gerais, por Redação

Em agosto, só pequenas empresas contrataram mais do que demitiram

Em agosto, somente as empresas de pequeno porte contrataram mais gente do que demitiram, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Sebrae.

Notícias Gerais, por Redação

Mantega: redução da Selic pode conter valorização do real

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a decisão do Banco Central (BC) de baixar a taxa básica de juros (Selic) de 7,5% para 7,25% colabora para reduzir o diferencial de taxas entre o Brasil e outros países no mundo. "

Deixe seu Comentário:

=