Publicado por Redação em Vida em Grupo - 17/01/2011

Seguros: poucas pessoas que perderam bens na Região Serrana conseguirão ressarcir prejuízos

A tragédia das chuvas na Região Serrana pode ficar ainda pior para quem quer reiniciar suas vidas com o recebimento de seguros: pessoas que perderam documentos além de entes queridos, casas, bens e automóveis poderão encontrar muita burocracia no caminho. Seguros simples, segundo especialistas, podem tardar até um ano para serem recebidos, dependendo dos casos. Além disso, dentro do pequeno universo de pessoas que contratam seguros residenciais - menos de 10% das casas do país contam com esta cobertura -, raros terão parte de seus prejuízos ressarcidos pelas seguradoras. A imensa maioria das apólices não cobre desastres naturais.

Embora os governos tenham feito verdadeiros mutirões para liberar rapidamente os corpos das vítimas - junto com a certidão de óbito -, parentes que perderam tudo poderão ter problemas para comprovar vínculo com a pessoa falecida. A grave situação dos municípios deve fazer com que serviços cartorários demorem a voltar ao normal. A situação fica ainda pior para quem sequer lembra qual a seguradora do ente perdido, caso muito comum:

- Se a pessoa sabe qual é a seguradora, é mais fácil, basta procurar a empresa. Do contrário, o melhor caminho é procurar o corretor de seguros, que pode providenciar cópia de apólices - afirmou Neival Rodrigues Freitas, diretor-executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

Algumas empresas, como a Itaú Seguros, começam a indicar que vão mobilizar esforços extras para atender de forma mais ágil as vítimas da tragédia, com um telefone exclusivo para as vítimas (0800-7039360). A Santander Seguros, que tem cerca de mil clientes nas áreas impactadas, montou dois postos avançados nas agências do banco em Teresópolis e Nova Friburgo com o objetivo de agilizar o atendimento aos clientes impactados pela chuva na região serrana do Rio de Janeiro.

Gustavo Mello, especialista em risco da Correcta Seguros, lembra ainda que muitos proprietários de carros destruídos pelas chuvas terão de regularizar a documentação do carro antes de pedir o seguro. Ele afirma que, após episódios como estes, aumenta a procura das pessoas por mais cobertura:

- Infelizmente muitas pessoas só pensam nisso quando já é tarde demais - diz.

Entretanto, nem todas as empresas têm a obrigação de facilitar a vida para as pessoas que já sofrem tanto. No caso de seguro de automóveis, por exemplo, 97% dos seguros cobrem desastres naturais. Entretanto, seguradoras podem argumentar que o segurado colocou o veículo em condição de risco - como tentar dirigir por vias alagadas - e isso pode fazer com que ele perca até o direito ao ressarcimento:

- Mas acredito que este não é o caso da Região Serrana do Rio. Isso se aplica mais a São Paulo, onde há motoristas que tentam dirigir por vias alagadas mesmo quando veem que não é possível, quando outros carros ou até ônibus e caminhões não estão conseguindo passar - disse.

A maior decepção pode ocorrer em quem fez seguros residenciais. A imensa maioria dos contratos não prevê a cobertura a incidentes como os registrados na Região Serrana, são restritos às coberturas de incêndio, raio e roubo/furto. Mas mesmo quem contratou o seguro contra desmoronamento terá problemas, pois apenas falhas estruturais são cobertas por este tipo de contrato. Problemas como os de Teresópolis e Nova Friburgo, por exemplo, só seriam ressarcidos com a cobertura contra alagamento, ainda mais rara.

Gustavo Mello, da Correcta, afirma que entrou em contato com grandes seguradoras do país e viu que não há casos em que possa haver problemas empresariais, ou seja, nenhuma delas está excessivamente exposta na região. Segundo seus contatos no setor, Nova Friburgo é onde há mais segurados, até porque foi a cidade onde houve uma destruição mais generalizada:

- Em Teresópolis e Petrópolis, infelizmente, as chuvas castigaram mais as pessoas mais humildes, que nem sempre tem seguro. E as casas de ricos, como as que foram engolidas em Itaipava, normalmente não tem seguro, por serem de veraneio.

Mello lembrou ainda que, embora a demanda por seguros cresça após tragédias, muitas seguradoras deixam de oferecer coberturas contra acidentes naturais. Freitas, da FenSeg, acredita que mesmo com o aumento nos números de pedidos de ressarcimento causado por chuvas nos últimos anos, isso não necessariamente está causando um aumento nos preços:

- Realmente este tipo de sinistro está aumentando, mas por outro lado, no Rio, está caindo muito o número de roubos e furtos a carros, por exemplo, o que pode compensar nos preços.

Fonte: www.cqcs.com.br | 17.01.11


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