Publicado por Redação em Previdência Corporate - 25/08/2015

Dez dicas para planejar a aposentadoria sem apertos

Como o valor da aposentadoria geralmente é menor que o último salário, muitas pessoas podem ter dificuldade para manter o padrão de vida

Após 41 anos de trabalho no Correios, Manoel João do Nascimento, 61, finalmente pôde descansar sem se preocupar em como se manter.  Há dez meses fora do mercado, a aposentadoria para Nascimento tem sido sinônimo de tranquilidade, aproveitando o tempo com seus hobbies da pescaria e jardinagem, e a possibilidade de dar mais atenção à família. Isso porque, ele sempre aprendeu a economizar, pagou uma previdência privada e hoje tira uma renda extra, além da aposentadoria garantida pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).


Diferente de Nascimento, uma pesquisa recente do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil, apontou que 57% dos brasileiros não se preparam para a aposentadoria. E desses, 17% revelaram que pretendem depender apenas do INSS. Conforme os últimos dados divulgados pelo instituto, em julho de 2015, foram mantidas 829,015 mil aposentadorias em Santa Catarina. Dessas 42,702 mil são de aposentados de Florianópolis.

Perceber que grande parte dos já aposentados não pensou em como se manter na aposentadoria preocupa Manoel, que planejou a sua e até mesmo o futuro dos netos, realizando uma poupança para eles. “Tenho colegas que buscam hoje um posto no mercado de trabalho porque não conseguem viver apenas com o INSS. Eu sempre disse que a pessoa tem que poupar desde novo. Dedique 20% do seu salário e guarde, ou faça uma previdência privada”, indica. O investimento para o aposentado tem que ser pensado a médio e longo prazo para que a chamada “melhor idade” seja de fato aproveitada.

 

Plano complementar


A aposentadoria pelo INSS tem grande importância, mas não se pode depender unicamente dela. É o que indica o técnico de uma empresa de economia mista de Florianópolis Alcidio Vieira Filho, 52. Ele e o seu colega de trabalho, o economista Renato Grigolo, 62, ainda não se aposentaram, mas planejam não depender unicamente do INSS.

Renato já pode retirar a aposentadoria e aguarda o momento oportuno, já Alcidio terá sua aposentadoria concedida para dezembro de 2020, mas se prepara financeiramente para alcançar esta fase com êxito. Ambos pagam um plano complementar, uma previdência privada da empresa que trabalham, com desconto em folha, e contam com um bom FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

“Participar de um fundo previdenciário privado e manter uma reserva para a aposentadoria, assim como planejar a estrutura familiar com a casa própria, veículo quitado, e os filhos bem encaminhados são metas essenciais. A aposentadoria é um momento para aproveitar a vida, sem precisar continuar trabalhando”, opina Alcidio.

Para o economista Renato Grigolo, os casos de pessoas que se aposentam e continuam a trabalhar ocorre por falta de planejamento. “Todo cidadão deveria fazer um plano previdenciário a parte, para que na velhice possa ter mais recursos”, afirma o economista.

 

Formas de aplicações e investimentos

Para Thiago Alvarez, sócio do site de finanças pessoais GuiaBolso, o resultado da pesquisa feita pelo SPC Brasil preocupa principalmente no que diz respeito a quem pretende depender do INSS. Como o valor da aposentadoria geralmente é menor que o último salário, muitas pessoas podem ter dificuldade para manter o padrão de vida.

"Aí a única coisa que resta é cortar gastos. Ou essas pessoas correm o risco de encarar o endividamento", ressalta. Para evitar surpresas, o planejamento financeiro é fundamental. "É preciso ter uma reserva financeira separada da familiar. Se ficar no mesmo bolo, o consumidor pode ficar tentado a tirar o dinheiro para comprar um carro ou a gastar de outra forma", afirma Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.

Uma dica é colocar o dinheiro em aplicações nas quais seja mais difícil resgatar o montante, como o Tesouro Direto ou a previdência privada. Esses investimentos também são interessantes porque podem ter aportes programados. "Tem que ter disciplina. Juntar R$ 50 ao mês aos 20 anos faz uma grande diferença depois de 40 anos", ressalta Kawauti.

No Tesouro Direto, é preciso tomar cuidado na escolha do título público. Como o foco é longo prazo, o investidor pode optar por um papel do tipo Tesouro IPCA, mais juros semestrais, que paga uma taxa prefixada e a inflação. Há alternativas com vencimento até 2050.

Na previdência privada, as atenções devem se voltar às taxas, que podem corroer até 30% dos ganhos. Quanto maior for o montante aplicado, menor deve ser a taxa cobrada.

No início da fase de acumulação vale também ter investimentos em bolsa, pois a chance de recuperar um eventual prejuízo no mercado acionário é maior. No entanto, se o investidor estiver perto de se aposentar, deve deixar essa ideia de lado. "O mais lógico é ter investimentos em aplicações seguras e de alta liquidez. Se o investidor pegar a bolsa em uma situação ruim, pode ter perdas e comprometer sua aposentadoria", afirma o consultor financeiro André Massaro.

A poupança, que no primeiro semestre do ano perdeu para a inflação (rendeu 3,7% contra IPCA de 6,17%), é recomendada apenas pela facilidade de acesso. No entanto, o ideal é deixar na caderneta apenas uma reserva de emergência. A maior parte do dinheiro deve ser aplicada em produtos mais rentáveis, como títulos públicos, CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) e LCIs ou LCAs (Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio).

As LCI e LCA são títulos emitidos por instituições financeiras e que costumam remunerar um percentual do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro, taxa de juros nos empréstimos entre bancos). A vantagem desses produtos é a isenção de Imposto de Renda. No entanto, o dinheiro precisa ficar aplicado até o vencimento do título.

 

:: Dez dicas para planejar a aposentadoria

 

1 - Não se contente com menos

Quando o assunto é privação de consumo, sempre ouvimos que “vida de aposentado não é fácil", o que leva a certo conformismo. A estabilidade financeira, porém, é possível e depende mais de você do que imagina.

 

2 - Não dependa apenas do INSS

Com a tendência de aumento da expectativa de vida do brasileiro e outros problemas relacionados ao cenário econômico do país, ficou mais arriscado contar apenas com a previdência social.

 

3 - Pague o INSS mesmo quando estiver sem trabalho ou na informalidade

O tempo sem pagar retarda a conquista da sua aposentadoria formal.

 

4 - Poupar é possível

Guardar dinheiro não está necessariamente relacionado com sobras no orçamento, mas sim com projetos maiores, como a aposentadoria. Veja seus gastos com automóvel, roupas, eletrônicos, alimentação. Você descobrirá onde fazer cortes.

5 - Aposentadoria pelo INSS: entre 80% e 100% de renda sobre o último salário

Quanto mais próximo o valor da aposentadoria do último salário recebido na fase ativa, menos cortes serão necessários para manter o mesmo padrão de vida. Portanto, considere esses cálculos para planejar quando e como se aposentar.

6 - Nunca é cedo, mas também nunca é tarde

Não ter começado cedo um planejamento financeiro não deve extinguir o sonho da aposentadoria. Para isso, economize mais e por mais tempo, o que pode implicar em manter uma atividade profissional mesmo depois de ter obtido a aposentadoria formal.

7 - Busque algo motivador para seguir trabalhando

Se você precisa adiar a aposentadoria, resgate um sonho profissional que ficou para trás: inicie uma segunda carreira ou empreenda para complementar a renda. Se as condições são favoráveis, por que parar? É você no comando.

8 - Calcular as despesas que a aposentadoria deve contemplar

Além dos custos fixos com moradia, alimentação, água, luz, gás, despesas médicas e impostos, inclua na renda da aposentadoria gastos com lazer e atividades que promovam qualidade de vida, como um curso de artes ou de idiomas, por exemplo.

9 - Mais gastos com saúde

Quem segue com o plano de saúde coletivo da empresa deve se preparar para pagar o valor integral na aposentadoria, pois os subsídios oferecidos são retirados, o que encarece a mensalidade. Além disso, a tendência é o consumo contínuo de mais medicamentos. Prepare-se para isso.

10 - Caixa para eventos inesperados

Uma vez aposentado, é ideal que se mantenha uma quantia separada para eventualidades que não estejam previstas no orçamento mensal. Um convite para uma viagem de última hora ou a troca de um carro também podem encontrar recursos no caixa voltado aos eventos inesperados.

 

Fonte: Thiago Alvarez, do site de finanças pessoais GuiaBolso


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