Publicado por Redação em Notícias Gerais - 24/08/2012

BNP Brasil vê oportunidades para crescer apesar da crise

Bônus garantidos por grandes projetos e custódia de títulos para investidores estrangeiros estão na mira.

Apesar de ter mudado para a Europa quando tinha 12 anos, o presidente do banco francês BNP Paribas no Brasil, Louis Bazire, nasceu no Rio de Janeiro.

Voltou ao país somente em outubro de 2007, desta vez para Sâo Paulo, para presidir o banco francês. Atualmente, Bazire também é o principal responsável por todas as operações do grupo no país (que inclui a locadora de frotas de veículos Arval e a seguradora Cardif) e pela atividade de banco de investimento do BNP na América Latina.

O executivo mezzo brasileiro mezzo francês demonstrou, em entrevista exclusiva concedida ao Brasil Econômico, otimismo em relação ao futuro do euro e às oportunidades de negócios no Brasil.

Mas foi bastante claro em relação ao foco de atuação, que é o segmento de atacado (grandes empresas): "É tarde para disputar o varejo com os bancos brasileiros. Ficou caro." Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Quais são atualmente as áreas de negócios com maior potencial de crescimento no Brasil para o BNP Paribas?

Com o pacote de incentivo a investimentos em infraestrutura, principalmente logística, acredito que a demanda por financiamentos para o setor vai crescer muito.

Tradicionalmente, é o BNDES que empresta a maior parte dos recursos, mas atuamos como assessores financeiros para nossos clientes nesses projetos, checando a viabilidade dos planos e modelos de investimento; e fazemos securitização de dívidas, como fizemos em julho para a Invepar que ganhou a concessão de uma via expressa em Lima, no Peru.

E as emissões de debêntures ?

Há uma alternativa que está em crescimento: os project bonds. Sâo papeis emitidos por empresas mas lastreados em projetos, ou seja, tem garantia real. São oferecidos no mercado internacional e tem prazos longos.

Acabamos de concluir uma dessas operações para um cliente, mas ainda não podemos revelar os detalhes. Também vamos começar a fazer custódia de papéis brasileiros detidos por investidores institucionais.

Hoje já fazemos isso em diversos países, é um serviço interessante para investidores globais que assim tem consolidada sua posição de investimentos em uma única instituição.

Hoje, temos € 6 bilhões em custódia institucional e queremos crescer mais. Na área de comércio exterior, estamos investindo em prefinanciamento de produção (ou estoque) com venda garantida, para comprador certo, principalmente na área de commodities.

E fora do banco?

A Cardif acaba de fechar uma parceria com a LuizaSeg, para estender a garantia das mercadorias vendidas. E a Arval, de locação de frotas, é um negócio que caminha "piano e sano".

O BNP tem planos de
entrar no varejo no Brasil?

As oportunidades de consolidação no setor bancário brasileiro hoje estão restritas ao mercado de bancos médios - e ainda assim, são limitadas. E o crédito consignado, motor de crescimento da maioria deles, é um modelo em esgotamento, pois pressiona muito as margens de ganho para fidelizar clientes.

E, fora dos bancos médios, é tarde para disputar o mercado: está tudo muito caro. Mas o sistema bancário brasileiro é muito sólido e bem regulado. Madoff não teria como se dar bem no Brasil.

E como o senhor vê a crise na zona do euro?

Ao contrário de muitos, não acredito que o projeto deva ser abandonado agora. O euro é mais do que uma moeda única, é um projeto de integração comercial.

E a integração entre os países está aumentando, com uma supervisão bancária unificada e um fundo de resgate comum. A Europa, tradicionalmente, progride mais nas crises do que nas épocas de bonança.

Mas qual será o desfecho, e quando?

São 17 democracias, o que significa que cada medida - tanto de austeridade quanto de mudança nas leis trabalhistas - precisa ser discutida exaustivamente, votada.

Mas o problema da Grécia já está provisionado pelos credores, tem um impacto marginal; a Espanha vai conseguir ajuda, diretamente aos bancos ou via governo federal.

Irlanda e Portugal estão fazendo a lição de casa... Mas será preciso apertar os cintos sim, pois o déficit e a dívida pública em relação ao PIB da região está muito acima do que foi acordado. E os resultados deste aperto tem consequências, vai levar ainda dois ou três anos para o fim da crise.

E quais as consequências desse desaquecimento para o Brasil?

A zona do euro é o maior mercado consumidor do mundo, então realmente tem um impacto forte na economia global. No entanto, o Brasil tem uma economia ainda pouco aberta, 80% da produção é voltada ao consumo interno.

Depois de um período de "aquecimento alegre", ancorado no crescimento da nova classe média, estamos vendo um desaquecimento que, no entanto, não chega a ser "triste". O crescimento deve ficar em 2% neste ano mas em 2013, deve retomar o ritmo de 4%.

Fonte: www.brasileconomico.ig.com.br


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