Publicado por Redação em Previdência Corporate - 18/12/2013

Conservadorismo marca a maioria das carteiras

Quando o assunto é previdência complementar, a teoria mostra que, quanto mais cedo se começa a poupar, maior é o espaço para buscar aplicações ousadas - em outras palavras, maior será o tempo para enfrentar as volatilidades do mercado. Assim, a rentabilidade, ou "juros sobre juros", tende a jogar a favor do investidor. Dessa forma, investidores que começam a poupar mais tarde têm comportamento mais conservador buscando proteger seu capital de imprevistos para garantir uma aposentadoria tranquila. Na prática, entretanto, idade é apenas um dos fatores que os gestores levam em conta na orientação dos investimentos adequados a cada perfil.

"A avaliação do perfil dos investimentos em previdência leva em consideração não apenas a idade do cliente, que é um fator relativo, mas o momento de vida (objetivos e disponibilidade de recursos) e o seu apetite ao risco. Um fator muito relevante é a carteira de investimentos do cliente, não apenas nos planos de previdência, mas considerando ativos como caderneta de poupança, imóveis, fundos multimercado e demais aplicações financeiras. É preciso olhar essa carteira para orientá-lo para as aplicações de longo prazo. Se o cliente já está alocado em renda variável com outros produtos, não justifica aumentar ainda mais a renda variável em seu portfólio", diz o presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), Osvaldo Nascimento.

Dados da federação mostram que os 12,76 milhões de contratos ativos de planos de previdência estão majoritariamente nas mãos do público masculino (57,68% do total), um público na faixa etária entre 30 e 50 anos (43,27% do total), seguido por investidores acima dos 50 anos (30,01%). Ainda que não exista um recorte específico ligando a idade à propensão a riscos, o fato é que o conservadorismo é a marca desse investidor. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima), de um total de R$ 324,01 bilhões em recursos alocados nesses fundos ao fim de novembro, uma fatia de R$ 307,07 bilhões (94%) estava exposta a ativos de renda fixa.

Independentemente da idade e do apetite ao risco, a combinação da atual política de aperto monetário que levou a Selic de volta ao patamar de dois dígitos com um mercado acionário de desempenho oscilante indica que o conservadorismo tende a aumentar e que a renda fixa reinará absoluta nas carteiras em 2014, com a promessa de boa rentabilidade com os juros elevados. "Hoje temos mais oportunidades de alongar as carteiras de renda fixa do que discutir renda variável, pelo próprio momento do mercado acionário."

Os principais gestores desses fundos se esforçam para reforçar junto aos clientes duas máximas dos planos de previdência que terão de ser cada vez mais seguidas pelos investidores que procuram aumento de rentabilidade: enxergar esse produto como de acumulação de longo prazo e, na medida do possível, diversificar os ativos.

Essas carteiras apostam essencialmente em títulos do governo, com destaque para papéis como as NTNB-s, com rentabilidade atrelada ao IPCA acrescida dos juros definidos no momento da compra. Em 2011 e 2012, com a queda da Selic ao seu menor patamar histórico, os investidores auferiam bons resultados nesses papéis de longo prazo atrelados à inflação - graças a juros de face mais elevados do que os juros da curva, em queda.

Em 2013, a Selic voltou à casa dos dois dígitos e a curva de juros de longo prazo, por consequência, começou a subir, com reflexos nas carteiras de renda fixa de previdência no meio do processo de alongamento de seus ativos, conforme exigência do governo. Com isso, o valor de face desses títulos oscilou e, como essas carteiras têm cotas apuradas diariamente, investidores apuraram prejuízos, com situações até então inéditas de rentabilidade negativa, o que motivou a uma corrida por resgates em meados de 2013.

Uma situação já contornada e que o mercado espera se estabilizar com a manutenção da Selic na casa dos 10%. "Já vemos pessoas interessadas em comprar NTN-Bs de longo prazo, com vencimento até 2050, pela oportunidade de garantir um fluxo de recebimento semestral a taxas de 6% de juro real em cima da inflação, o que é uma remuneração espantosa. Há riscos de volatilidade no meio do caminho, mas com tendência de menor oscilação porque os juros de longo prazo estão muito altos. A volatilidade não é um problema, a menos que você resgate antes do prazo", completa Nascimento.

A SulAmérica já verifica uma migração maior da base de clientes para a renda fixa. Nos planos individuais de contribuição mensal, com tíquetes mais baixos e formação mais lenta de reservas, 61% dos recursos estavam alocados, até setembro, na renda fixa. No ano passado, esse percentual era de 55%. "O perfil dos investidores ficou mais conservador este ano e o principal fator foi a volatilidade da bolsa. O cliente, embora olhe a previdência como um investimento de longo prazo, tem aversão a perdas", diz o superintendente de produtos de vida e previdência, Fabiano Lima.

Uma exceção - que comprova que as características dos investimentos variam mais pelo perfil do cliente do que pela idade - são os clientes de alta renda, com maior disponibilidade de recursos e apetite à diversificação. Mesmo com idade maior do que a média dos clientes da seguradora, esse perfil premium se dispõe a correr riscos maiores em seus investimentos. Nos planos de previdência de alta renda da seguradora, 53% dos recursos estão aplicados em fundos com perfil moderado (que investem de 5% a 30% das aplicações em renda variável, incluindo fundos multimercado) e agressivo (que investem um percentual de 31% a 49%, o máximo permitido por lei).

Segundo o superintendente de investimentos da Brasilprev, Altair César de Jesus, iniciar os aportes o quanto antes é o mais indicado, mas é imprudente falar que uma pessoa com 40 anos não pode tomar riscos e ser mais ousado em seus investimentos por causa de sua idade. "Até porque as pessoas realizam seus projetos de vida com prazos cada vez maiores. A própria longevidade do brasileiro aumentou. Na hora do balanço do portfólio dos clientes, vemos pessoas de idade avançada totalmente arriscadas e jovens com o dinheiro alocado de forma muito conservadora. O que buscamos é oferecer uma venda consultiva com produtos para os diferentes clientes, independente se ele está na fase de realização do projeto, com mais de 60 anos, ou se está começando a poupar agora", explica.

Dos 1,6 milhão de clientes da carteira da Brasilprev, 58% têm até 40 anos de idade. No total, 90% dos recursos estão alocados em renda fixa e o restante, nos chamados fundos compostos.

A recomendação aos clientes, independentemente da idade, é buscar diversificar ao máximo os investimentos. Na renda variável, a seguradora oferece produtos como o "Fundo 49D", que investe 49% dos recursos em papéis de 20 companhias abertas que pagam bons dividendos. Outra opção é o "Ciclo de Vida", que conta com fundos com horizonte até 2020, 2030 ou 2040 que começam com exposição de 49% em renda variável e 51% de renda fixa e que se tornam conservadores com o passar dos anos. A diversificação é a chave, até mesmo no mercado acionário. "As ações que mais subiram esse ano pertencem aos índices small caps. Também tentamos tirar bom proveito de ações do segmento imobiliário", diz.

Fonte: Valor


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