Publicado por Redação em Notícias Gerais - 27/06/2011

Inflação preocupa e é um dos grandes desafios do País, diz economista do BNP Paribas

 

SÃO PAULO – Combater a inflação é um dos grandes desafios do Brasil, na avaliação do economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho. A projeção do banco para a inflação neste ano é de 6,6% - acima do teto da meta do Governo, de 6,5%.
 
Para o economista, a inflação, se não vista com atenção pelas autoridades monetárias, pode se tornar um dos entraves do crescimento sustentável da economia do País. “Há ainda um esforço a ser feito que é o de evitar que o problema da inflação passada influencie a perspectiva da inflação futura”, ressalta Carvalho.
 
O centro da meta da inflação para 2013, mantido em 4,5% pelo Banco Central, é considerado alto pelo economista. “Para o padrão internacional, essa meta é muito alta. Em outros países da região [América Latina], a meta é de 3%. Dizer que a inflação pode chegar a 6,5% é admitir uma inflação alta para padrões internacionais. O Brasil tem condições de perseguir metas menores ao longo dos próximos anos. Deveríamos ousar mais”, avalia o economista.
 
Juros
Uma das saídas para conter as altas já está sendo adotada pelo BC. O aumento da taxa básica de juro, a Selic, na avaliação de Carvalho, deve continuar. “O mercado prevê que teremos mais um aumento de 0,25 ponto percentual e uma estabilização. Eu acredito que a história seja diferente. O BC deve continuar a subir os juros a um ritmo de 0,25 por um período prolongado. Na minha avaliação, mais duas altas devem ocorrer, talvez mais. Temos, na nossa projeção, que os juros subam até os 13% neste ano”.
 
Se por um lado os juros altos ajudam a conter a inflação, por outro, eles desaceleram a economia. Fator que, para Carvalho, é benéfico, considerando o cenário atual. “A perspectiva do Brasil é que haja uma moderação de crescimento. Esta desaceleração é necessária para conter as pressões de inflação”.
 
Além da inflação, o economista acredita que “conter as pressões no mercado de trabalho” também é importante para um crescimento mais sustentável da economia. “Teremos, no segundo semestre, dissídios coletivos importantes, que estarão contemplando uma inflação acumulada acima da meta. Estamos falando de taxas de correção acima de 10%”.
 
Alimentos
No ano passado, os aumentos dos preços que compõem o grupo alimentos foram os grandes vilões da inflação. Nesta segunda-feira (27), o novo diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o brasileiro José Graziano, disse que a tendência ainda é de alta desses itens para os próximos anos.
 
Nesse contexto, disse Graziano, os países mais pobres é que devem ser prejudicados. No Brasil, os alimentos pesam mais de 20% na cesta de consumo dos brasileiros. Nesse sentido, os itens, novamente, podem ser destaques na elevação dos preços dos produtos e serviços que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). “Há um descompasso entre oferta e demanda globais, que deve persistir nos próximos anos. Isso tem impactos na inflação e no consumo, pois alimentos é um dos componentes importantes desse quadro”, acredita Carvalho.
 
Crédito
O aumento do endividamento das famílias brasileiras não sinaliza cenários instáveis para o País. “Não estamos a ponto de nenhum cataclismo”, afirma o economista, ao se referir às especulações de que o País estaria à beira de ter uma bolha de crédito. “Ainda há espaço para crescimento acelerado do crédito. O que se deve evitar é que haja excessos”, considera Carvalho. Hoje, o crédito representa 45% do PIB. “O crédito continuará crescendo acima da taxa do PIB por muitos anos”.
 
Fonte: web.infomoney.com.br | 27.06.11

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