Publicado por Redação em Previdência Corporate - 24/08/2011

Previdência longe do risco

A queda das ações na bolsa neste ano - o Índice Bovespa acumula baixa de 22,39% até ontem - tem afastado até mesmo os investidores com horizonte de mais longo prazo, como os de fundo de previdência privada aberta.

A categoria registrou em julho captação de R$ 1,44 bilhão, liderada pelos fundos de renda fixa que tiveram aplicações líquida de R$ 2,45 bilhões. Já as carteiras com renda variável continuam apresentando resgate, que somou R$ 1 bilhão no mês passado, segundo levantamento realizado pela consultoria NetQuant.

No ano, a previdência privada captou R$ 12,82 bilhões líquidos, crescimento de 28% em relação ao mesmo período de 2010.

Embora o rendimento médio tenha melhorado em julho, apenas cinco das 577 carteiras de previdência analisadas conseguiram bater o CDI no ano, que acumulava 6,54% até julho.

Apesar do fraco desempenho da bolsa neste ano, os fundos com aplicação de até 49% em renda variável se destacaram no mês passado. Entre as nove carteiras que apresentaram retorno superior ao CDI em julho, que foi de 0,97%, metade estava incluída nessa categoria. Em junho, apenas dois fundos do levantamento da NetQuant conseguiram superar o referencial.

Considerando a média do mercado, porém, essa categoria apresentou a pior rentabilidade no mês, com o aumento da turbulência no mercado de ações, encerrando julho com queda de 1,36%.

Já os fundos de renda fixa e multimercados tiveram um desempenho melhor, mas não conseguiram superar o CDI. No caso das carteiras de renda fixa, o retorno positivo de 0,82% em julho ficou abaixo da média apresentada pelos fundos de investimentos tradicionais dessa categoria, que tiveram alta de 0,91%, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

As taxas de administração mais altas para o segmento de varejo e a posição principalmente em Notas do Tesouro Nacional-série B (NTN-Bs), indexadas ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com vencimento mais longo, têm impactado o desempenho dessas carteiras neste ano.

As gestoras que apostaram em NTN-Bs com prazos de vencimento mais curtos, entre 2011 e 2015, conseguiram garantir um retorno diferenciado.

É o caso ao fundo de cotas HSBC Renda Fixa Previdenciário Ativo Premier, que fechou julho com ganho de 1,01%. O portfólio é composto por papéis com vencimento principalmente em 2014 e 2015. Para se ter uma ideia, o índice IMA B5, que acompanha o desempenho de uma cesta de NTN-Bs com prazos até cinco anos, apresentou em julho a maior rentabilidade entre as carteiras de títulos públicos, com alta de 1,26%.

A remuneração desses papéis é composta por uma taxa de juros prefixada mais a variação do IPCA. Esse juro vem caindo desde julho, passando de 6,80% para 5,97% em agosto nos papéis com vencimento em 2015, com a expectativa de uma interrupção no ciclo de aumento da taxa básica no Brasil. Isso fez os preços dos títulos subirem para se ajustar à nova taxa, provocando um impacto positivo para as carteiras compostas por esses títulos quando marcadas a mercado.

Para o especialista de investimentos da Western Asset Management Marcelo Guterman, o movimento de queda nas taxas reais em julho esteve mais atrelado a uma probabilidade de um aumento da inflação com a sinalização de uma interrupção do aumento da taxa Selic neste ano. Já em agosto, o recuo das taxas tem acompanhado o movimento de queda dos juros futuros diante da expectativa de uma desaceleração do crescimento global.

O fundo de renda fixa gerido pela Western, o Icatu Seg Aposentadoria Inflation Limited, aproveitou o movimento de queda nas taxas prefixadas das NTN-Bs de curto prazo, principalmente com vencimento de 2011 e 2012, que recuaram 0,6% a 0,7% desde o mês passado. A carteira liderou o ranking de julho em termos de rentabilidade, registrando um ganho de 1,26% no mês. "Hoje estamos mais posicionados em papéis com prazo de vencimento um pouco mais longo, entre 2015 e 2017, cujas taxas prefixadas não recuaram tanto e há espaço para cair", diz Guterman.

O analista espera um cenário de manutenção da taxa Selic em 12,50% até o final do ano, e que pode se estender por um prazo mais longo caso não ocorra uma recessão nas economias desenvolvidas, para garantir a convergência da inflação para o centro da meta em 2013, que é de 4,5%.

O superintendente comercial da Icatu Seguros, Sérgio Prates, explica que os fundos da seguradora, distribuídos no Citibank, alocam parte dos recursos nessa carteira de acordo com o horizonte de investimento, sendo maior essa participação nos planos de mais curto prazo.

A gestora HSBC Global Asset Management também prevê uma interrupção do aumento da taxa básica de juros já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 30 de agosto.

A gestora manteve as aplicações em NTN-Bs de curto prazo na carteira do HSBC Renda Fixa Previdenciário Ativo Premier e tem buscado ganhar com a "inclinação da curva" nos contratos de juros futuros. Essa aplicação envolve o diferencial entre os contratos de juros futuros de curto prazo e os mais longos, que sobem quando o mercado passa a enxergar mais risco de o BC ser forçado a elevar a taxa de juros lá na frente.

O fundo também tem se beneficiado também dos papéis de crédito privado, que representavam 35% da carteira. As aplicações têm privilegiado principalmente Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de instituições de primeira linha e bancos médios. Estes últimos chegam a pagar até 110% do CDI, afirma Renato Ramos, diretor de renda fixa da HSBC.

No acumulado do ano, até julho, o destaque é para o fundo de renda fixa, Mapfre IGP-M Soberano, concentrado em Notas do Tesouro Nacional série C (NTN-Cs), indexadas ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), mas que não são mais emitidas pelo governo. O portfólio acumula rentabilidade de 7,31%, enquanto o índice IMA-C, que acompanha o retorno das NTN-Cs, apresentava alta de 6,69%. "A queda das taxas de juros reais e a elevação do IGP-M têm beneficiado esses papéis neste ano", explica Huang Kuo Seen, gestor de fundos de Mapfre Seguros.

Fonte: www.skweb.com.br | 24.08.11
 


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