Publicado por Redação em Vida em Grupo - 09/08/2012

Seguradoras aperfeiçoam planos de contiingência e continuidade dos negócios

O aumento das perdas por catástrofes naturais e ou causadas pelo homem tem refinado a forma com que todos lidam com riscos. Até mesmo as seguradoras, acostumadas a prever e calcular perdas, estão preocupadas em aperfeiçoar seus planos de continuidade dos negócios e de contingência. Prova disso foi a presença de mais de 200 profissionais no quarto painel técnico do seminário Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão de Riscos, promovido pela CNseg e Escola Nacional de Seguros, no dia 8, em São Paulo.

Alexandre Correa, gerente de Controles Internos e Compliance da Bradesco Seguros, iniciou sua palestra com imagens marcantes, como o da destruição causada pelo terremoto seguido de tsunami ocorrido no Japão em março 2011. Também enfatizou, com as imagens, que, mesmo quando previstos, os riscos podem ter uma dimensão bem maior, como a grande cratera aberta durante a construção da linha amarela do metrô de São Paulo. Até em pequenas atitudes é possível mitigar riscos, como ensinou o caso recente da explosão de um botijão de gás em um restaurante no Centor do Rio de Janeiro. “Todos esses eventos mostram a necessidade de todos, empresas, governos e indivíduos, terem planos de continuidade dos negócios mesmo diante de uma tragédia”, diz.

Trata-se de um tema mundial. Tanto que a Noruega investiu em um plano de contingência e continuidade ao criar um celeiro mundial de sementes, apelidado de Arca de Noé. O objetivo é garantir a existência das sementes, mesmo se ocorrer desastres naturais. A câmara mundial de sementes está escavada em uma montanha gelada a mil quilômetros do Polo Norte para garantir as condições de congelamento por 200 anos mesmo caso o aquecimento global atinja o pior cenário previsto.

O executivo focou a sua palestra na importância das companhias de seguros, e não só dos segurados, aprimorarem seus controles internos. “Nossos clientes são estimulados a ter planos de contingência e de continuidade de negócios até mesmo para conseguirem melhores condições contratuais”, lembrou.

O tema no evento foi sobre as seguradoras também apresentarem aos clientes um plano de gestão de risco para garantir a indenização do contrato, mesmo em condições adversas de mercado. "Quando as pessoas adquirem uma apólice de seguro, elas compram uma promessa de pagamento de uma indenização se algo acontecer no futuro. Por isso, a credibilidade e reputação são tão importantes”, diz o executivo, para ressaltar a importância da formatação de planos que evitem a descontinuidade do negócio, que identifiquem e mensurem o risco existente, bem como planos de transferência e mitigação de prováveis perdas.

O assunto começou a ganhar mais relevância dentro do mercado financeiro a partir de 2002. “De 2010 para 2012, no entanto, tivemos muito mais regras sobre o tema”, diz. A Susep tem investido na automação de várias etapas dos processos do setor para aprimorar a gestão de risco e, consequentemente, um melhor monitoramento de situações que possam colocar a credibilidade do setor em dúvida. A mais recente foi a Circular 438, de junho, sobre o registro eletrônico de produtos, que possibilitará o gerenciamento da qualidade dos produtos novos e vigentes comercializados pelas companhias.

Correa citou vários normativos. Um marco importante foi a ISO 22301, divulgada em maio de 2012. A intenção é proteger a companhia de incidentes, estimulando os responsáveis por gestão de riscos e controles internos a descobrirem como a empresa deve estar preparada para fatores internos e externos que podem impactar o negócio, desde a falta de energia até danos de imagem do grupo. Especialistas acreditam que pela abrangência das exigências, a nova ISO deve substituir várias versões anteriores, consolidando as normas técnicas em um único padrão internacional.

O gerente do Bradesco e membro da comissão de gestão de risco da CNseg afirmou que o principal foco do plano de continuidade é o desenvolvimento preventivo e a manutenção de um conjunto de ações. Ele elenca desde o treinamento da brigada de incêndio até mesmo ter um calendário de vacinação dos funcionários como itens obrigatórios para mitigar riscos.

“É extremamente importante que os planos sejam testados periodicamente, bem como atualizados, pois a teoria pode colocar o plano em risco caso não seja testado e atualizado”, alerta. Um dos exemplos citados foi ter um profissional responsável por reativar o sistema tecnológico da companhia em outro estado. “Ele tem de ir de helicóptero por ser uma situação de emergência, mas ele tem pânico de voar. Eis um problema que pode ser resolvido no teste e não na emergência”.

Apesar de ter uma finalidade tão nobre, a de manter a sustentabilidade do negócio, um dos principais desafios para implementar planos de contingência e de continuidade é conquistar o apoio dos líderes da companhia. “É preciso ter uma filosofia abrangente com os principais executivos, para que eles se engajem no propósito do plano e passem aos seus funcionários a importância de seguir as regras determinadas”, afirma.

Um plano de contingência que não funciona pode gerar a migração de clientes para a concorrência, sanções de órgãos reguladores, perda de funcionários que não querem ficar num barco afundando, além dos danos para a imagem do grupo. “Todo mundo tem de estar preparado. Não pode ser tentativa e erro. Tem de exercitar e fazer testes para saber se tudo o que preparou funciona, quais os ajustes que podem ser feitos para aprimorar o plano”, alerta.

Estar alinhado com as melhores práticas traz ganhos para todos, pois atende às expectativas dos steakholders, ao evitar grandes perdas de receita, reduz o volume de processos judiciais, de punições de órgãos reguladores ou de defesa do consumidor e até mesmo o encerramento da atividade da companhia. “Também pode ser considerado um diferencial competitivo”, acrescenta. “Os clientes querem saber se temos planos de continuidade de negócios para garantir o recebimento do seguro. Ou seja, é uma questão que deve nortear a estratégia de uma empresa”.

Fonte: www.cqcs.com.br


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