Publicado por Redação em Notícias Gerais - 08/04/2013

Taxa de câmbio: Entenda o que é e como ela afeta a economia do país

A crise econômica de 2009 continua a abalar a economia de diversos países europeus, principalmente os menos desenvolvidos, como Espanha e Grécia. A adoção das políticas de austeridade e o alto endividamento são apontados como alguns dos principais fatores para que as nações continuem mergulhadas em recessão. Porém, além dos motivos mais aparentes, especialistas indicam um outro fator determinante para que a recuperação europeia seja tão lenta. 

Com a adoção do Euro em 2001, estes países abriram mão das moedas nacionais, passando a depender exclusivamente do Banco Central Europeu (BCE) para controlar a moeda única. Porém, o agravamento da crise demandou soluções e políticas diferentes para cada uma das nações e tornou quase impossível que uma atuação ampla do BCE pudesse ser bem sucedida.
 
Esta falta de autonomia monetária é considerada um dos principais pontos adversos na Zona do Euro, segundo economistas. No Brasil, a política cambial foi uma das formas que o governo encontrou para amenizar os problemas econômicos que assolaram os países desenvolvidos durante a crise. Assim, mesmo com o declínio da atividade econômica e das consequências devastadoras para a indústria nacional, os brasileiros não sentiram os reflexos da turbulência econômica em seus empregos ou renda tão fortemente.
 
Mas, o que é a taxa de câmbio? Como ela influencia a economia? O que causa as variações bruscas no preço do dólar? Quais as consequências dessas mudanças para a economia como um todo? Neste domingo (7), o Jornal do Brasil inicia uma série semanal de reportagens que procuram explicar, de forma didática, o que são alguns conceitos corriqueiramente usados na economia, mas pouco entendidos ou explicados. As reportagens serão publicadas todos os domingos de abril.
 
Taxa de câmbio
 
O economista Pedro Paulo Silveira, da CGD Securities Corretora, explica que a taxa de câmbio é o preço de trocas entre a moeda de dois países. "Em economia internacional utilizamos o dólar como moeda de referência, então, no Brasil, a taxa de câmbio é a taxa de troca entre o Real e o Dólar", conta. Em outras palavras, a taxa de câmbio determina quantos reais são necessários para se obter um dólar no mercado.
 
"A taxa de câmbio é tudo", afirma Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP). Ele explica que a taxa de câmbio afeta principalmente a inflação e os preços dentro da economia nacional, e isso vale mesmo para bens de consumo feitos dentro do país ou pequenos produtores rurais. Isto porque, além da quantidade de bens de consumo importados aqui dentro, muitas máquinas e matérias primas tem seus preços cotados na moeda dos Estados Unidos. 
 
"Além desta presença massiva, há também o fato de que as matérias primas que são negociadas em todo o mundo, como petróleo, milho, soja, arroz, café, por exemplo, tem seus preços determinados em dólar. Ou seja, se há pouca oferta de algum destes produtos, o preço sobe internacionalmente e o supermercado brasileiro, mesmo que não afetado por esta queda na oferta, vai reajustar seus valores também", analisa. 
 
Indústria
 
Um dos setores que são mais afetados pela variação do câmbio é a indústria. Se o dólar sobe, os preços dos produtos nacionais ficam mais baratos e dos importados mais caros, beneficiando a indústria nacional. O contrário também é verdadeiro. "Muita importação não é positivo, pois estamos colocando produtos de outras economias dentro do nosso país", explica.
 
Pedro Paulo Bastos, economista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), enfatiza a importância de se ter e manter um parque industrial forte no país. "O setor industrial é mais dinâmico e o emprego na indústria paga muito melhor. O mercado de trabalho brasileiro tem crescido pelo setor de serviços, onde há uma concentração do emprego que paga abaixo de mil, dois mil reais", explica. 
 
Menos dólares, please
 
Para evitar a entrada massiva de dólares e, assim, manter a indústria competitiva, o governo adotou, nos últimos anos, diversas medidas de controle de capitais, principalmente o aumento de impostos sobre a entrada de capitais estrangeiros de curto prazo. No entanto, uma das variáveis que mais afetam a taxa de câmbio de um país é a taxa básica de juros.
 
Atualmente no patamar histórico de 7,25%, as consecutivas derrubadas da Selic nos últimos anos (já chegou a 50%) tiveram como um de seus objetivos diminuir o fluxo de dólares que entram na economia. "Se a taxa de juros que a gente pratica aqui é de 2% e a dos Estados Unidos de 0,25%, por exemplo, os investidores estrangeiros vão trazer todo o seu capital para cá, já que comprando títulos da dívida vão ser remunerados com juros muito mais altos", explica Dana.
 
Esta remuneração alta pode inclusive inibir o investimento, já que os investidores acabam optando pela remuneração à partir dos juros e não com o resultado de investimentos diretos em produção e inovação. 
 
Porém, o dólar valorizado tem suas consequências pouco positivas, já que o aumento dos preços dos produtos importados acaba impactando na inflação e reduzindo o real poder de compra dos salários, que leva, a longo prazo, a uma pior distribuição de renda. 
 
"Não há fórmula exata na economia, uma medida sempre tem um impacto positivo e outro negativo", conclui Paulo Gala, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP). 
 
Fonte: JB

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