Publicado por Redação em Notícias Gerais - 11/06/2015

BC deixa claro que pode adotar novos aumentos de juros para segurar inflação

Na ata da última reunião do Copom, autoridade monetária aumenta de 38,3% para 41% a projeção para aumento da conta de luz neste ano

BRASÍLIA - Apesar da alta surpreendente da inflação, o Banco Central diz que aumentou a probabilidade de reverter a alta de preços e fazer com que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcance a meta de 4,5% no fim do ano que vem. No entanto, admitiu que os “sinais de avanços” ainda não são suficientes e indicou que mais altas de juros podem vir por aí. A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, divulgada na manhã desta quinta-feira, mostra que os perigos para inflação neste ano são vários como a alta esperada de nada menos que 41% da conta de luz e de 9,1% da gasolina. E admite que o aumento do desemprego, causado pelo freio na economia, já começou.

Diminuir o ritmo da atividade é o remédio usado pelo BC para controlar os preços. Na semana passada, o Copom aumentou a dose. No encontro, os diretores resolveram aumentar os juros básicos em 0,5 ponto percentual. A taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, a maior desde janeiro de 2009. E agora dizem que isso contribui para alcançar a meta de inflação no ano que vem.

“A propósito, o Copom avalia que o cenário de convergência da inflação para 4,5% no final de 2016 tem se fortalecido. Para o comitê, contudo, os avanços alcançados no combate à inflação — a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo — ainda não se mostram suficientes. Nesse contexto, o Copom reafirma que a política monetária deve manter-se vigilante”, diz a ata.

Em um outro trecho do documento, o Banco Central reforça que novos aumentos de juros devem vir:

“Esses ajustes de preços fazem com que a inflação se eleve no curto prazo e tenda a permanecer elevada em 2015, necessitando determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos”.

A alta na última reunião já era esperada pelo mercado financeiro. O que surpreendeu foi o fato de o BC não sinalizar que o ciclo de elevação dos juros que começou em outubro do ano passado estaria no fim. Pelo contrário. O Copom simplesmente repetiu o mesmo comunicado usado nas reuniões anteriores. Isso indicou que o Banco Central continuará com o arrocho monetário mesmo com a economia em recessão para tentar recuperar a credibilidade perdida, sinal agora confirmado pela ata divulgada nesta quinta-feira.

Mesmo com as seis altas seguidas de juros, a inflação não cedeu. Trilhou o caminho contrário e está cada vez maior. Com a surpresa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maior, a inflação oficial dos últimos 12 meses está em nada menos que 8,47%. E já há especialistas que apostam em IPCA de 9% neste ano.

No regime de metas para a inflação, o BC usa os juros como o único instrumento de controle de preços. No entanto, nos últimos anos, o governo tentou segurar a inflação por outras formas como, por exemplo, segurar o reajuste de várias tarifas públicas. Isso represou um aumento forte de serviços públicos como a energia elétrica. O governo já sabia que seria um impacto forte na tarifa. Não esperava, entretanto, que ultrapassasse os 40%.

ENERGIA MAIS CARA

Na ata, o Copom revisou a projeção para a alta da conta de luz de 38,3% para nada menos que 41%. Isso fez com que a projeção para a inflação das tarifas públicas crescesse. Passou de 11,8% para 12,7% a expectativa de alta dos chamados preços monitorados neste ano. A aposta para a alta do preço do botijão de gás aumentou de 1,9% para 3%.

Por outro lado, a previsão para a alta da gasolina caiu de 9,8% para 9,1%. E a queda da tarifa de telefonia pública deve ser maior que a prevista antes. A perspectiva passou de -4,1% para -4,4%. Para 2016, foi mantida a projeção de inflação de preços monitorados em 5,3%.

Agora, com a mudança da equipe econômica, as tarifas foram reajustadas de uma vez. Esse “tarifaço” força a inflação e não reponde ao aumento dos juros. Assim como o preço dos alimentos, que não reage à alta da Selic.

DESEMPREGO E RECADO AO MINISTRO DA FAZENDA

O BC destacou na ata que o consumo privado já dá sinais de moderação. E reiterou que o crescimento da demanda tem sido menor que o chamado Produto Interno Bruto (PIB) potencial, ou seja, que está num nível que não estimula a inflação.

Num trecho da ata, os diretores alteraram o texto sobre desemprego. No documento anterior, o Copom dizia que os sinais indicavam um “processo de distensão” no mercado de trabalho. Isso quer dizer que mostravam sinais de desemprego maior. Agora, o comitê diz que esses dados “confirmam” que isso já ocorre.

Depois de indicar apoio às propostas da nova equipe econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o BC dá a primeira alfinetada na condução da política econômica. Disse que é preciso mais iniciativas para retirar subsídios de crédito. Essa era uma constante briga com a administração do ex-ministro Guido Mantega, que inflou o crédito subsidiado no país e, consequentemente, limitou o poder de atuação do Banco Central.

Quando assumiu, Levy disse que era necessário reduzir o incentivo. A taxa de juros de longo prazo (TJLP) subiu. Agora, o BC diz que é preciso fazer mais.

"Em outra dimensão, a exemplo de ações recentemente implementadas, o Comitê considera oportuno reforçar as iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito”.

Fonte: Jornal O Globo


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