Publicado por Redação em Vida em Grupo - 06/08/2012

Ramo de pessoas cresce, mas produtos de proteção ainda têm fraco desempenho

De acordo com o mais recente levantamento da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), os seguros de pessoas movimentaram R$ 1,8 bilhão em prêmios de seguros no mês de maio, montante 18,86% superior ao registrado no mesmo mês do ano anterior. Os dados apurados destacam o seguro de vida como o produto de maior representatividade no segmento, que respondeu pela maior parte dos prêmios arrecadados no período: R$ 745,6 milhões, alta de 10,40% em relação aos R$ 675,3 bilhões verificados no ano anterior. Na avaliação do acumulado, o mercado de seguros de pessoas movimentou R$ 8,8 bilhões, crescimento de 13,83% em maio de 2012, comparativamente a igual período do ano anterior.
 
Entretanto, analisado sob outro ângulo, o desempenho do seguro de vida no ramo de pessoas pode não ser tão expressivo. A conclusão é de Nilton Molina, presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon Seguros e Previdência, a partir da análise de estatísticas do ramo divulgadas pela Susep nos últimos sete anos. Durante sua participação em Palestra do Meio-Dia da APTS, realizada na última quarta-feira, 1º de agosto, Molina observou que, apesar dos bons resultados do ramo de pessoas, o seguro de vida no Brasil não passa por um bom momento. 
 
Ao “abrir” os dados da Susep sobre o ramo, ele separou os produtos clássicos de seguro de vida – aqueles que oferecem proteção – dos produtos de acumulação – caso do VGBL e PGBL. Em sua análise, Molina incluiu, ainda, os produtos de vida vendidos pela previdência privada, como o pecúlio e o renda vitalícia. Mesmo assim, os produtos de proteção ainda apresentaram um fraco desempenho nos últimos sete anos, registrando uma participação no PIB de apenas 0,5% (sem considerar o PGBL e o VGBL).
 
Comparado a países de economia semelhante, como Reino Unido, Taiwan e África do Sul, onde os produtos clássicos de vida representam, em média, mais de 12% do PIB, o desempenho do produto de vida brasileiro é irrisório. Entretanto, Molina apresentou o exemplo de países com sistemas de previdência social parecidos com o do Brasil, ou seja, “generosos”, em sua avaliação. Apesar da semelhança, França, Portugal e Bélgica também apresentam melhores resultados que o Brasil, com produtos de proteção que participam, em média, com mais de 6% dos seus respectivos PIB. 
 
O que consertar
 
A comparação com outros países levou Molina a concluir que “o mercado de seguros brasileiro está cometendo enganos” e que “é possível mudar esse cenário”. Para começar essa mudança, ele sugeriu ao mercado que preste mais atenção à essência da previdência complementar, que é, justamente, complementar o seguro social. Partindo desse raciocínio, ele também “abriu” os números da previdência social para entender qual deve ser o foco do mercado de seguros. Molina observou que entre os diversos benefícios pagos pela previdência para mais de 25 milhões de brasileiros, o de aposentadoria por tempo de contribuição, que representa apenas 22% de todo o volume, tem o mesmo público alvo que o PGBL. Portanto, sua primeira conclusão é que há um grande campo a ser explorado por este produto.
 
Entretanto, outros benefícios pagos pela previdência social, como invalidez (12% do volume), pensão por morte (26%) e auxílios, assistência, acidental etc. (12% do volume), também poderiam ser alvos do mercado de seguros. “Esse é o conjunto de benefícios que a previdência complementar deveria focar, que seria capaz de fazer os produtos de proteção aumentarem sua participação no PIB para além dos atuais 0,5%”, disse. “Se vendemos previdência complementar, é isso que devemos complementar”, acrescentou.
 
Na avaliação de Molina, os compradores de PGBL não estão adquirindo um produto de previdência, mas um fundo de acumulação. “O objetivo é acumular dinheiro, de forma virtuosa, com benefícios fiscais, para qualquer eventualidade, inclusive aposentadoria”, disse. Por isso, ele concluiu que os profissionais que vendem PGBL deveriam perguntar aos seus clientes se estão preocupados com morte prematura e invalidez. “Isso seria vender previdência. E esse é problema que o mercado tem de consertar para aumentar a participação dos produtos de proteção”, afirmou.
 
Fonte: segs

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